domingo, março 22, 2009


Medicina nada alternativa

Jolivaldo Freitas

É até certo ponto surreal o atendimento médico nos municípios baianos, e a atitude dos médicos, notadamente, os recém-formados. Em quase um terço das cidades interioranas médico é um produto raro. Em cada hospital que tem suas portas abertas falta médico. Antigamente eu pensava que a culpa se dava apenas pela falta de empenho dos gestores.

 Com o tempo e vivendo a realidade de atuar em marketing político em grandes e pequenas cidades, constatei que a questão ganhava outra dimensão. Na realidade, na maioria dos casos a falta de atendimento médico nas áreas interioranas é um problema também causado pela má vontade dos médicos.

Acredite que hoje a maioria das prefeituras possui verbas para pagar adequadamente aos profissionais de Saúde. É bom que se diga que de forma até certo ponto numa iniciativa apartidária, os hospitais regionais estão dotados de estrutura. Daí se pergunta: onde está o gargalo? Acredite. Está na relutância do médico em querer sair da capital, notadamente, das áreas litorâneas.
Acredite! Existem milhares de vagas para médicos em hospitais do interior do país. Levantamento feito na Internet revela que na maioria das prefeituras o salário-base para um médico iniciante, principalmente se for clínico, é de R$ 2.500 reais e muitas prefeituras ainda oferecem residência, comida e roupa lavada. Mas os médicos preferem as capitais. Se for na Bahia, Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e outras que estejam debruçadas sobre o mar, aí é que não saem, mesmo que estejam sendo explorados e mal pagos. Preferem dar longos plantões nas clínicas, ser mal remunerado a deixar a barraca de praia.
Tive, ano passado, contato com esta realidade quando vivenciei o fato do então prefeito de Juazeiro - que vem a ser a quarta cidade em importância, da Bahia; uma das mais bonitas e aprazíveis do Vale do São Francisco -, ter recuperado vários postos de saúde na sede e nos distritos, bem como construído outras unidades, e elas ficarem sem pode atender aos doentes por não ter médico.A prefeitura colocou anúncio em jornais de todo o país e uns gatos pingados apareceram.

Mas a situação era agravada pelo fato de Juazeiro estar colada com Petrolina, no outro lado em Pernambuco. Por absoluta falta de estrutura de Saúde, os doentes pernambucanos atravessam a ponte e vão em busca de atendimento no lado baiano, sobrecarregando a estrutura existente. Até Salvador sofre com a "invasão" de pacientes alienígenas, Os postos de Saúde são usados por doentes que vêm de diversos municípios. Na falta de médicos em suas cidiades, os prefeitos têm optado por colocar seus doentes em ônibus e vans e trazem para atendimento em clínicas e  consultórios da capital, pagando cash. É aquele negócio: se Maomé não vai à montanha, ela vai a ele
 

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segunda-feira, março 09, 2009


Abandonados pela Transalvador e pela PM

Jolivaldo Freitas

Já estava esquecendo o diabo do carnaval quando vejo uma batelada de ações e programações que não nos deixarão tão cedo descarregar a pilha. Na Assembléia Legislativa vai ter sessão para esmiuçar a folia. Na câmara dos Vereadores vão comer o fígado do prefeito João Henrique por causa de uma péssima analogia que fez entre festa, custo, remédios e merendas e que os adversários querem transformar num fato político sem precedentes.

  Vou aproveitar e colocar pimenta malagueta na discussão. Quero dizer que, apesar de todo investimento que foi feito neste carnaval em que as estrelas e os camarotes faturaram milhões, e a cidade, que é a estrela-mãe ficou chupando osso, muitas cenas de amadorismo ou de desleixo foram registradas.

 Tenho como os holofotes que queimaram logo no início da festa, no circuito tradicional, e não apareceu ninguém para trocar a lâmpada; ou mesmo o emblemático caso do trio que iria levar para as ruas e avenidas - depois de tanto tempo sem espaço decente na festa - os cantores Luiz Caldas e Sarajane e mais algumas bandas, e simplesmente foi impedido, com toda razão, pelo Detran. No trio faltava a "cuíca". Não o instrumento de percussão, mas um equipamento fundamental para o sistema de freio do caminhão. Sarajane, que não vem tendo um bom ano, chorou e Luiz Caldas engoliu a seco.

 

 Mas, o que faltou mesmo foi empenho do pessoal do trânsito. Tanto os trios que saíam no Campo Grande ou que ficavam estacionados num terreno pertencente à família Cunha Guedes, defronte ao McDonalds, na Graça, quando iam ao encontro dos blocos tinham de manobrar sozinhos, com risco para os foliões.

 

  O pessoal da Transalvador ou mesmo os PMs que usam motocicletas não apareciam para dar ajuda. Em qual lugar do mundo uns monstrengos - a exemplo dos trios - que são os caminhões alegóricos, não saem sem batedores. Os trios que saíam do bairro da Graça em direção ao Circuito Barra/Ondina, por falta de batedores da SET ou da PM derrubaram dois postes, quebraram a fiação de outros postes, destruíram as gambiarras e os passeios. Tudo isso apenas na Ladeira da Barra.

 

  Pela total ausência de batedores policiais, os motoristas dos caminhões foram ameaçados por motoristas de táxis que não se conformavam em ter de dar passagem aos trios que desciam ou subiam. A discussão levava tempo, até que, por ventura, passasse um carro da polícia. Teve veículo da SET cujos agentes em seu interior viram de longe, deram ré e escafederam-se. Graças a Deus não aconteceu nenhum acidente grave. Ano que vem as autoridades têm de lembrar: trio, para chegar ao ponto de concentração ou para entrar na avenida, tem de estar monitorado de perto pelos agentes de trânsito. A Transalvador, que ainda insisto em chamar de SET, bem que podia ser multada por falta de discernimento e preparo.

 

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Do Blog de Paixão Barbosa

Ciro Gomes divide PSB

Paixão Barbosa

Ciro Gomes (PSB-CE) é um homem público qualificado, inteligente e bem falante. E é nesta última qualidade que também mora seu maior defeito: falar demais. Como é temperamental, Ciro tende a explodir nas horas erradas e a falar demais, o que já lhe atrapalhou os passos e deixou como herança alguns desafetos. Ex-governador do Ceará, ele chegou a ter uma candidatura bem robusta à presidência da República e, agora, parece que volta a ensaiar o discurso para tentar disputar a sucessão do presidente Lula.


Mas aí é que a coisa começa a pegar e para ele ser candidato não basta ter a vontade. É certo que Ciro tem recebido estímulos de alguns setores do PSB, mas, como a legenda faz parte da base aliada, também há muita gente que não quer nem ouvir falar em candidatura própria e prefere caminhar com o candidato que Lula indicar. Para se tornar candidato ele terá que quebrar esta resistência interna e unir os socialistas, o que não será tarefa fácil.


O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por exemplo, que é hoje a maior expressão política do partido, está muito bem aninhado no ninho lulista, de quem tem recebido muitos mimos, traduzidos em projetos e apoio financeiro. Neste Carnaval, ele colocou a ministra Dilma Rousseff, candidato do peito de Lula, debaixo do braço e fez a festa nas ruas de Recife e Olinda, mostrando qual é a sua preferência ao ritmo dos maracatus.


De qualquer forma, ainda há tempo para que Ciro Gomes trabalhe a base partidária e tente viabilizar a candidatura. Isto se ele não tropeçar em alguma frase mal colocada no meio do caminho.  

 

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Do Blog de Aninha Franco

A força da grana e a folia

 

Aninha Franco

Há muito vermelho no caderno de Dever & Haver dos gestores que torraram 50 milhões num Carnaval que deveria autossustentar-se, refugaram patrocínios de 7 milhões e declararam o desvio de verbas da educação para a festa. Há 2 anos a cidade lê o discurso da autossustentação do teatro, da dança e da literatura, para descobrir, em fevereiro, que o Carnaval da Baía, o bambambã do planeta, não se sustenta. Deve haver algo errado, para além dos mal-entendidos entre o PT e o PMDB, que precisa ser consertado rapidamente, porque a festa existe, sobretudo, para dar lucro à cidade.


Na enquete do jornal A TARDE sobre os planos dos soteropolitanos no Carnaval, perto de 56% diziam, quando eu arquivei a pesquisa, que preferiam outras programações culturais. Por isso, o Carnaval yuppie, montado na cidade nos anos 90, não é mais o ócio da maioria da população, como o Carnaval hippie dos anos 70 foi, é um negócio que atrai turistas e envolve apenas 37% de moradores, nos blocos de trio ou na pipoca. Há, também, o incômodo de muita gente durante os 7 dias carnavalescos, como os moradores da Barra, por exemplo, e é por isso que a existência da festa deve favorecer a cidade. Mas pra isso acontecer, como escreveu nosso rei Geronimo, o planejamento da festa de 2010 deveria estar pronto hoje, e assinado por gente que entende do riscado.


Um deles saiu, Nizan Guanaes, que vai abrir o cofre pra criar um espaço para 6 mil pessoas com Ivete Sangalo. Palmas e a sugestão de arquitetar o espaço como as bolsas que abrem para outra, menor, várias vezes, até o espaço de 600 lugares do teatro musical e dos shows intimistas. Ivete pode usar a casa grande, com axé, e a pequena com shows como Essa é pra tocar no rádio (1999), dirigido por Gabriel Villela e Roney Scott... Os sócios podem, também, comprar o cinema Rio Vermelho de Aquiles Mônaco, calcanhar de Aquiles da Igreja Universal, cercada pela pirâmide do Tom do Saber, pelo odor etílico do boteco do França, pelo dendê dos tabuleiros de acarajé de Cira, Regina e Dinha. Tem mercado? É que nem a autossustentação do Carnaval. Se houver planejamento, tem.

 

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Do Blog de Marcos Venâncio

Refavela: segundo ato da trilogia da reinvenção

Marcos Venâncio

Discos  			Imperdíveis

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Refavela , de 1977, na sequência da trilogia "Re", de Gilberto Gil, nasceu depois de uma viagem à África, onde o compositor participou do 2º Festival Mundial de Arte e Cultura Negra, em Lagos, na Nigéria. Numa época marcada pela retomada da black music em todo o mundo, Gil fez um disco focado na estética afro construída no Brasil a partir das vivências locais. Inclui canções como "Ilê aiyê", de Paulinho Camafeu, "Patuscada de Gandhi", do próprio Gil, e uma versão funk para "Samba do avião", de Tom Jobim. Nesta terça, não perca Realce.

Clique para ouvir Refavela

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quarta-feira, março 04, 2009


Do Blog de Paixão Barbosa

 

Pinheiro na Secretaria de Planejamento

Paixão Barbosa

 Em meio a mais uma onda de especulações - e a Bahia está repleta disso - sobre uma possível reforma de secretariado que o governador Jaques Wagner estaria planejando para ainda este mês, surgiu a hipótese de o deputado federal Walter Pinheiro (PT), que foi candidato a prefeito de Salvador em 2008, ser nomeado para a Casa Civil do governo do estado. A pretensa reforma "profunda" está longe de ser uma realidade pelo que dizem pessoas ligadas ao governador, mas pode, sim, haver uma ou outra mudança no secretariado.


Quanto ao destino de Walter Pinheiro, sabe-se que ele deu uma risada quando foi consultado, na terça-feira, sobre esta nova especulação e confirmou somente que deseja ser candidato ao Senado em 2010.


Mas uma fonte muito próxima ao parlamentar me assegurou, nesta tarde de quarta-feira, que Pinheiro pode realmente virar secretário do governo Wagner dentro de pouco tempo, mas não para a Casa Civil e sim para o Planejamento. A corrente que integra no PT, a Democracia Socialista, já teria acertado os ponteiros e definido o destino do deputado.


A análise a respeito do assunto é que, atuando numa pasta estadual, mesmo sendo técnica como a do Planejamento, Walter Pinheiro poderá consolidar seu nome junto às bases do PT e garantir uma das duas vagas para concorrer ao Senado em 2010. pessoalmente, acho um grande risco para ele, porque uma pasta como o Planejamento não é bem o posto ideal para quem deseja disputar um cargo político.


Vamos esperar para ver.

 

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Do Blog de Marcos Venâncio

 

DISCOS IMPERDÍVEIS

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Reunião de cantadores e violeiros no Teatro Castro Alves

Marcos Venâncio

Discos  			Imperdíveis

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Gravado ao vivo no Teatro Castro Alves, em Salvador, nos dias 7, 8, 9 e 10 de janeiro de 1988, o Concerto sertanez reúne Elomar, Turíbio Santos, Xangai e João Omar num disco memorável. As matrizes da gravação foram extraviadas, o que praticamente impede novos relançamentos. Para quem não ouviu ou pensou que não ia ouvir de novo, Discos Imperdíveis escala nesta quarta-feira o quarteto de cantadores e violeiros.

Clique para ouvir Concerto sertanez

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domingo, março 01, 2009


Hora de um novo circuito

Jolivaldo Freitas

 

A conversa é antiga: está faltando um cabra macho para mexer nas estruturas do carnaval. Tudo bem que as autoridades estejam comemorando o fato de não ter sido registrado nenhum homicídio em correlação com a festa, e a queda nos índices de violência.  A pergunta é: quando teremos de encarar a realidade de que a violência na folia de Momo é consequente do inchaço no Beco da Ribeira, no Relógio de São Pedro, no Barravento, no Espanhol - no circuito tradicional do Campo Grande á Rua Chile, bem como da Barra a Ondina?

 Não vai adiantar, ano a ano, aumentar o efetivo policial nas ruas. Se o modelo atual for persistindo, dentro de dez anos, numa progressão óbvia, teremos de pedir policiais emprestados aos estados vizinhos ou chamar a Força Federal.

   Passado o carnaval, todos os anos, voltamos à cantilena de chamar a atenção para a necessidade de se criar um novo circuito (embora tenha consciência que também não se pode relegar a um segundo plano o antigo corredor da festa, que está abandonado pelos trios e famosos que fizeram o nome no Campo Grande e hoje só querem saber dos camarotes da Barra). Existem vários projetos para um novo circuito entre o Comércio e a Calçada ou a utilização da Avenida Bonocô e também da Paralela. Projetos até certo ponto antigos e que foram rechaçados por quem pode e manda no carnaval da Bahia.

    Uma idéia que ouvi seria blocos e trios alternativos para o Comércio e deixar a área com exclusividade para os blocos de samba, sendo que cada famoso como Ivete Cláudia Leitte, Daniela, Chiclete e outros, teriam de dar uma passada por lá, cantando e tocando para os pipocas. A princípio, segundo o autor da idéia, o novo circuito seria testado ano que vem apenas na parte da noite. O futuro? Só Deus sabe se a iniciativa pega, pois cabeça do povo é mistério.

   É claro que os donos dos trios, dos blocos, dos camarotes e atuais gestores do lucrativo carnaval baiano sempre se posicionam contra quando se trata de mexer no institucionalizado. Mas, se oferecerem lucros para eles, no mesmo instante mudarão de idéia e quem sabe um novo circuito, em qualquer lugar, não serviria para desafogar o carnaval, que a cada ano será maior. Também uma nova área de folia vai gerar mais empregos e renda. Lembrem que a Barra até os anos 70 só era "agitada" pelo pessoal do "Jacu" e do "Barão". Depois o "Bróder" e o bloco "Acadêmicas" arriscaram e o novo circuito pegou e hoje é o favorito.

   Claro que não entendo nada de carnaval, nem marketing carnavalesco e muito menos de segurança pública. Mas ouço as querelas e os queixumes e acho que o estado e o município poderiam fazer uma força-tarefa e pensar, já, numa tomada de posição. O modelo atual do carnaval está bom para os donos de camarotes, para os blocos e trios. Está péssimo para a pipoca. Mais algum tempo e a pipoca explode.

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Do Blog de Aninha Franco

A vida depois do carnaval


Aninha Franco

Quinta-feira d.C, e a vida começará, inexorável, cega, surda e muda à nossa preguiça de conviver com a realidade, debicando do nosso desejo de que o verão seja todas as estações, e clareie os acordares entre o céu azul e o mar mais azul ainda, num mundo acabado e limpo que Deus criou em 7 dias e Darwin explicou há 200 anos. Que nesse mundo, Carmen Miranda renasça das cinzas do seu salto plataforma, dos seus turbantes hortifrutigranjeiros, e que Sarney desapareça na floresta do Senado, perseguido por marimbondos de fogo, achincalhado pelo IDH do Maranhão, correndo com Collor, Renan Calheiros e o deputado Michael Temer das sete pragas da reforma semântica, porque um deles, sei lá qual, juntou, numa mesma frase, a palavra honroso com o nome Edmar Moreira. Mas nada disso acontecerá, eu sei, e a evolução humana prosseguirá lenta, gradual e progressiva, e os últimos a escaparem da deriva genética, se escaparem, serão os políticos de Brasília.
Olhe que eu estou acostumada à criatividade da corrupção, a atividade mais rápida, menos burocrática e mais eficiente do Brasil, olhe que por conta dela nós temos assistido a coisas que Deus e Darwin duvidariam, mas o castelo de 36 cômodos de Edmar é, realmente, estupefaciente. O castelo de Edmar é quase ficção, é real por um triz, e Edmar ainda alega, dentro da velha calúnia bíblica de que a mulher é culpada de tudo, desde Adão, que construiu esse castelo monstruoso, no meio do nada, porque sua mulher pediu... Ora, me faça uma abacatada! Eu acho que o ex-corregedor da Câmara dos Deputados construiu o castelo com o objetivo de implantar nele, um dia, o museu da corrupção. Um cômodo para os sanguessugas, um cômodo para os desviadores da merenda escolar, um cômodo para as empreiteiras, um cômodo para o caixa dois, um cômodo para os anões do orçamento, um cômodo para o mensalão, aliás, para o mensalão 2 cômodos, porque sobre ele Edmar Moreira sabe tudo. Edmar foi o corregedor que julgou os mensaleiros... Depois dessa, me respondam, há alguma possibilidade de os políticos brasileiros, sobretudo os que evoluem em Brasília, saírem da deriva genética?

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