domingo, março 01, 2009


Hora de um novo circuito

Jolivaldo Freitas

 

A conversa é antiga: está faltando um cabra macho para mexer nas estruturas do carnaval. Tudo bem que as autoridades estejam comemorando o fato de não ter sido registrado nenhum homicídio em correlação com a festa, e a queda nos índices de violência.  A pergunta é: quando teremos de encarar a realidade de que a violência na folia de Momo é consequente do inchaço no Beco da Ribeira, no Relógio de São Pedro, no Barravento, no Espanhol - no circuito tradicional do Campo Grande á Rua Chile, bem como da Barra a Ondina?

 Não vai adiantar, ano a ano, aumentar o efetivo policial nas ruas. Se o modelo atual for persistindo, dentro de dez anos, numa progressão óbvia, teremos de pedir policiais emprestados aos estados vizinhos ou chamar a Força Federal.

   Passado o carnaval, todos os anos, voltamos à cantilena de chamar a atenção para a necessidade de se criar um novo circuito (embora tenha consciência que também não se pode relegar a um segundo plano o antigo corredor da festa, que está abandonado pelos trios e famosos que fizeram o nome no Campo Grande e hoje só querem saber dos camarotes da Barra). Existem vários projetos para um novo circuito entre o Comércio e a Calçada ou a utilização da Avenida Bonocô e também da Paralela. Projetos até certo ponto antigos e que foram rechaçados por quem pode e manda no carnaval da Bahia.

    Uma idéia que ouvi seria blocos e trios alternativos para o Comércio e deixar a área com exclusividade para os blocos de samba, sendo que cada famoso como Ivete Cláudia Leitte, Daniela, Chiclete e outros, teriam de dar uma passada por lá, cantando e tocando para os pipocas. A princípio, segundo o autor da idéia, o novo circuito seria testado ano que vem apenas na parte da noite. O futuro? Só Deus sabe se a iniciativa pega, pois cabeça do povo é mistério.

   É claro que os donos dos trios, dos blocos, dos camarotes e atuais gestores do lucrativo carnaval baiano sempre se posicionam contra quando se trata de mexer no institucionalizado. Mas, se oferecerem lucros para eles, no mesmo instante mudarão de idéia e quem sabe um novo circuito, em qualquer lugar, não serviria para desafogar o carnaval, que a cada ano será maior. Também uma nova área de folia vai gerar mais empregos e renda. Lembrem que a Barra até os anos 70 só era "agitada" pelo pessoal do "Jacu" e do "Barão". Depois o "Bróder" e o bloco "Acadêmicas" arriscaram e o novo circuito pegou e hoje é o favorito.

   Claro que não entendo nada de carnaval, nem marketing carnavalesco e muito menos de segurança pública. Mas ouço as querelas e os queixumes e acho que o estado e o município poderiam fazer uma força-tarefa e pensar, já, numa tomada de posição. O modelo atual do carnaval está bom para os donos de camarotes, para os blocos e trios. Está péssimo para a pipoca. Mais algum tempo e a pipoca explode.

______________________________________________________________________