domingo, março 01, 2009


Do Blog de Aninha Franco

A vida depois do carnaval


Aninha Franco

Quinta-feira d.C, e a vida começará, inexorável, cega, surda e muda à nossa preguiça de conviver com a realidade, debicando do nosso desejo de que o verão seja todas as estações, e clareie os acordares entre o céu azul e o mar mais azul ainda, num mundo acabado e limpo que Deus criou em 7 dias e Darwin explicou há 200 anos. Que nesse mundo, Carmen Miranda renasça das cinzas do seu salto plataforma, dos seus turbantes hortifrutigranjeiros, e que Sarney desapareça na floresta do Senado, perseguido por marimbondos de fogo, achincalhado pelo IDH do Maranhão, correndo com Collor, Renan Calheiros e o deputado Michael Temer das sete pragas da reforma semântica, porque um deles, sei lá qual, juntou, numa mesma frase, a palavra honroso com o nome Edmar Moreira. Mas nada disso acontecerá, eu sei, e a evolução humana prosseguirá lenta, gradual e progressiva, e os últimos a escaparem da deriva genética, se escaparem, serão os políticos de Brasília.
Olhe que eu estou acostumada à criatividade da corrupção, a atividade mais rápida, menos burocrática e mais eficiente do Brasil, olhe que por conta dela nós temos assistido a coisas que Deus e Darwin duvidariam, mas o castelo de 36 cômodos de Edmar é, realmente, estupefaciente. O castelo de Edmar é quase ficção, é real por um triz, e Edmar ainda alega, dentro da velha calúnia bíblica de que a mulher é culpada de tudo, desde Adão, que construiu esse castelo monstruoso, no meio do nada, porque sua mulher pediu... Ora, me faça uma abacatada! Eu acho que o ex-corregedor da Câmara dos Deputados construiu o castelo com o objetivo de implantar nele, um dia, o museu da corrupção. Um cômodo para os sanguessugas, um cômodo para os desviadores da merenda escolar, um cômodo para as empreiteiras, um cômodo para o caixa dois, um cômodo para os anões do orçamento, um cômodo para o mensalão, aliás, para o mensalão 2 cômodos, porque sobre ele Edmar Moreira sabe tudo. Edmar foi o corregedor que julgou os mensaleiros... Depois dessa, me respondam, há alguma possibilidade de os políticos brasileiros, sobretudo os que evoluem em Brasília, saírem da deriva genética?

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