segunda-feira, março 09, 2009


Do Blog de Aninha Franco

A força da grana e a folia

 

Aninha Franco

Há muito vermelho no caderno de Dever & Haver dos gestores que torraram 50 milhões num Carnaval que deveria autossustentar-se, refugaram patrocínios de 7 milhões e declararam o desvio de verbas da educação para a festa. Há 2 anos a cidade lê o discurso da autossustentação do teatro, da dança e da literatura, para descobrir, em fevereiro, que o Carnaval da Baía, o bambambã do planeta, não se sustenta. Deve haver algo errado, para além dos mal-entendidos entre o PT e o PMDB, que precisa ser consertado rapidamente, porque a festa existe, sobretudo, para dar lucro à cidade.


Na enquete do jornal A TARDE sobre os planos dos soteropolitanos no Carnaval, perto de 56% diziam, quando eu arquivei a pesquisa, que preferiam outras programações culturais. Por isso, o Carnaval yuppie, montado na cidade nos anos 90, não é mais o ócio da maioria da população, como o Carnaval hippie dos anos 70 foi, é um negócio que atrai turistas e envolve apenas 37% de moradores, nos blocos de trio ou na pipoca. Há, também, o incômodo de muita gente durante os 7 dias carnavalescos, como os moradores da Barra, por exemplo, e é por isso que a existência da festa deve favorecer a cidade. Mas pra isso acontecer, como escreveu nosso rei Geronimo, o planejamento da festa de 2010 deveria estar pronto hoje, e assinado por gente que entende do riscado.


Um deles saiu, Nizan Guanaes, que vai abrir o cofre pra criar um espaço para 6 mil pessoas com Ivete Sangalo. Palmas e a sugestão de arquitetar o espaço como as bolsas que abrem para outra, menor, várias vezes, até o espaço de 600 lugares do teatro musical e dos shows intimistas. Ivete pode usar a casa grande, com axé, e a pequena com shows como Essa é pra tocar no rádio (1999), dirigido por Gabriel Villela e Roney Scott... Os sócios podem, também, comprar o cinema Rio Vermelho de Aquiles Mônaco, calcanhar de Aquiles da Igreja Universal, cercada pela pirâmide do Tom do Saber, pelo odor etílico do boteco do França, pelo dendê dos tabuleiros de acarajé de Cira, Regina e Dinha. Tem mercado? É que nem a autossustentação do Carnaval. Se houver planejamento, tem.

 

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