Medicina nada alternativa
Jolivaldo Freitas
É até certo ponto surreal o atendimento médico nos municípios baianos, e a atitude dos médicos, notadamente, os recém-formados. Em quase um terço das cidades interioranas médico é um produto raro. Em cada hospital que tem suas portas abertas falta médico. Antigamente eu pensava que a culpa se dava apenas pela falta de empenho dos gestores.
Com o tempo e vivendo a realidade de atuar em marketing político em grandes e pequenas cidades, constatei que a questão ganhava outra dimensão. Na realidade, na maioria dos casos a falta de atendimento médico nas áreas interioranas é um problema também causado pela má vontade dos médicos.
Acredite que hoje a maioria das prefeituras possui verbas para pagar adequadamente aos profissionais de Saúde. É bom que se diga que de forma até certo ponto numa iniciativa apartidária, os hospitais regionais estão dotados de estrutura. Daí se pergunta: onde está o gargalo? Acredite. Está na relutância do médico em querer sair da capital, notadamente, das áreas litorâneas.
Acredite! Existem milhares de vagas para médicos em hospitais do interior do país. Levantamento feito na Internet revela que na maioria das prefeituras o salário-base para um médico iniciante, principalmente se for clínico, é de R$ 2.500 reais e muitas prefeituras ainda oferecem residência, comida e roupa lavada. Mas os médicos preferem as capitais. Se for na Bahia, Rio de Janeiro, Recife, Fortaleza e outras que estejam debruçadas sobre o mar, aí é que não saem, mesmo que estejam sendo explorados e mal pagos. Preferem dar longos plantões nas clínicas, ser mal remunerado a deixar a barraca de praia.
Tive, ano passado, contato com esta realidade quando vivenciei o fato do então prefeito de Juazeiro - que vem a ser a quarta cidade em importância, da Bahia; uma das mais bonitas e aprazíveis do Vale do São Francisco -, ter recuperado vários postos de saúde na sede e nos distritos, bem como construído outras unidades, e elas ficarem sem pode atender aos doentes por não ter médico.A prefeitura colocou anúncio em jornais de todo o país e uns gatos pingados apareceram.
Mas a situação era agravada pelo fato de Juazeiro estar colada com Petrolina, no outro lado em Pernambuco. Por absoluta falta de estrutura de Saúde, os doentes pernambucanos atravessam a ponte e vão em busca de atendimento no lado baiano, sobrecarregando a estrutura existente. Até Salvador sofre com a "invasão" de pacientes alienígenas, Os postos de Saúde são usados por doentes que vêm de diversos municípios. Na falta de médicos em suas cidiades, os prefeitos têm optado por colocar seus doentes em ônibus e vans e trazem para atendimento em clínicas e consultórios da capital, pagando cash. É aquele negócio: se Maomé não vai à montanha, ela vai a ele