quarta-feira, janeiro 21, 2009


Polícia e frouxidão

 JOLIVALDO FREITAS

 O secretário da Segurança Pública, César Nunes, praticamente confirmou aquilo tudo que se suspeitava da polícia baiana: é frouxa. Tem medo de enfrentar bandido, faz de conta que vai para a campanha, mas fica no faz-de-conta.
Liga a sirene, invade sinaleira, exibe as armas de grossos calibres das janelas das viaturas, acende o giroflex, faz todo o mise-en-scène e... se esconde. Fica por trás do muro dando tiros a esmo, ao léu, como se fossem fogos na festa de São João.

 O secretário disse aqui, nas páginas de A TARDE, que o policial que estiver com medo pode chamá-lo que sai junto para a ação. Ou seja: é preciso que a mais alta autoridade policial do Estado tenha de colocar no colo, proteger e dar guarida àqueles que deveriam dar segurança para todos nós. Se a polícia está com medo, imagine a população. Mas também não é fácil ter coragem numa cidade em que já morreram mais de 60 pessoas apenas neste início de ano. Só estamos perdendo para a guerra irada de Israel com o Hamas.

 Embora esteja criticando a frouxidão dos policiais que se recusam a entrar nos bairros mais cavernosos, para enfrentar as quadrilhas e garantir segurança e sossego para os moradores - pois sabemos que a absoluta maioria dos moradores de bairros como Vale das Pedrinhas, Avenida Peixe, Nordeste de Amaralina, Alto dos Coqueiros, Estrada Velha do Aeroporto, Fazenda Coutos e tantos e tantos outros é formada de gente do bem - tenho consciência da imensa dificuldade que é enfrentar bandidos muito mais aparelhados.

 Os marginais perderam o respeito pela autoridade, e tem gente que hoje lembra com saudade de um titular da Sétima Delegacia (a sede fica no Rio Vermelho), cuja presença em qualquer lugar colocava os bandidos em polvorosa.

 Quando se espalhava que o delegado estava chegando, parecia que enfiaram fumaça no formigueiro. Mas, por força dos grupos de direitos humanos, ele caiu em desgraça e não se sabe por onde anda. Hoje, bandido quando não tem nada melhor para fazer sai por aí dando uns tiros e caçando polícia, bastando ver quantos PMs foram metralhados no ano passado.

 Um policial que atua no bairro da Federação comentou numa reportagem que é difícil sair de casa, deixar mulher e filhos para enfrentar bandidos em carros que estão com a pintura nova, mas o motor falhando; com o número de balas regrado e pior: sem uma logística. Neste caso, disse, o jeito mesmo é se proteger. Ele mesmo já participou de mais de dez perseguições e viu o carro ser varado por balas de tal tamanho que só tinha visto em filmes. E já teve de correr do módulo que foi atacado e queimado.

 Garante que toma calmante para dormir e que está fazendo um curso de eletricidade para poder mudar de emprego. Tanto que sai de casa sem a farda que é para não atrair o mal. Farda de PM traz azar.

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3 Comments:

At 7:57 AM, Anonymous Anônimo said...

Descobri seu blog por uma resposta a um convite meu para o site www.link3.biz .

Gostei de ler, tanto mais que eu sou de Portugal e estou por fora disso.

 
At 2:30 PM, Anonymous Anônimo said...

O pior, é uma autoridade como o secretário de Segurança Pública achar que pode resolver o problema com uma bravata. Porque só vendo para crer toda esta "coragem" que ele arrotou...

 
At 11:04 PM, Blogger www.eduardoleite.blogspot.com said...

Viatura sem gasolina ,caindo aos pedaços,revover sem bala, colete a prova de bala, com validade vencida.Falar é fácil,principalmente escudado num gabinete de sevretário.

 

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