segunda-feira, dezembro 01, 2008


NOTÍCIAS DO MOMENTO

ESPECIAL_____________________

 

Edil Pacheco, Diogo Nogueira, Benito de Paula, Rosa Nonato e a Velha Guarda do Samba comemora dia amanhã

 

    Amanhã, terça-feira (2 de dezembro), comemora-se o Dia do Samba, em Salvador, na Praça Municipal. Paulinho da Viola será homenageado. Benito de Paula vai ter participação especial. A festa reúne a velha guarda e os novos valores do samba baiano, do Rio de Janeiro e São Paulo, num congraçamento que começou há cerca de dez anos e que vem obtendo sucesso. O samba, um dos ritmos mais populares do país, consegue congregar congregar todas as camadas da sociedade. No início deste século, foi tombado como "Obra - prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade" pela Unesco -Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura. Mais uma vez o apoio foi dado pelo Ministério da Cultura, em reconhecimento da data oficial.

    O Dia do Samba, na Bahia, será a oportunidade de Benito de Paula mostrar o seu trabalho, num momento em que está sendo redescoberto por grandes cantores e cantoras brasileiras, a exemplo de Maria Bethânia. A festa, desta vez, vai reunir a chamada nata do samba baiano com convidados do Rio de Janeiro e São Paulo, e também cantores, cantoras e grupos de expressão que irão mostrar os sucessos de Paulinho da Viola, Ary Barroso e outros compositores.

    Participam, dentre outros, Diogo Nogueira, Edil Pacheco, Paulinho Boca de Cantor, , Aquarela do Samba, Barlavento, Nelson Rufino, Valmir Lima, Marienne de Castro, Gal do Beco, Gal Borges, Claudete Macedo, Guiga de Ogum, Gerônimo, Terra Brasilis, Clécia Queiroz, Rosa Nonato, Roque Betenquê, Muniz do Garcia, Paulinho Camafeu, Márcia Shorts, Ione Papas, Firmino de Itapuã, Lia Chaves e muitos outros, misturando-se a chamada "velha guarda" com grupos e novos compositores e cantores.

      Como acontece todos os anos, aguarda-se a presença de cantores e compositores que aparecem de surpresa e dão canjas, como já aconteceu com Beth Carvalho, João Bosco (que já foi também homenageado especial), Carlinhos Brown, Gilberto Gil e diversos outros. Segundo Edil Pacheco, coordenador do evento, "quem chega tem espaço, pois a festa é do samba e o samba é do povo brasileiro".

  As comemorações começarão a partir das 17 horas, com cada atração cantando duas músicas. O evento tem hora para começar, mas não tem para terminar e irá invadir a madrugada. Na última edição foi registrada a presença de quase 30 mil pessoas na praça. O evento é totalmente gratuito, desde sua origem.

 

     No ano de 1950 do século passado já se discutia com paixão qual a origem do samba. O samba teria nascido na Bahia? Até hoje os historiadores se dividem. Boa parte acha que o samba como é atualmente nada tem a ver com a  batida do samba primal, realmente nascido na Bahia pelas mãos de escravos vindos de Angola e do Congo e cujo DNA estaria no Semba, música sincopada.

  Os baianos, do Recôncavo, teriam feito uma espécie de vintage no Semba e daí surgiu o samba que teria sido levado para o Rio de Janeiro, por baianas e baianos que se radicaram e deram nova roupagem em seus encontros musicais. Pesquisadores garantem que eles se instalaram no Morro da Conceição, Pedra do Sal, Praça Mauá, Praça XI, Cidade Nova, Saúde e na Zona Portuária. Muitas baianas, descendentes de escravos, alojaram-se nestes bairros. Abriram pequenos bares e restaurantes, que funcionavam em suas próprias casas, e ficaram conhecidas como as Tias Baianas ou Tias do Samba.

  A mais famosa era Tia Ciata. Em sua casa várias composições surgiram , como samba "Pelo telefone", gravada pelo baiano Ernesto Joaquim

Maria dos Santos, o Donga, que alguns historiadores dizem ser o primeiro samba gravado, ao passo que outros acham que "Isso é bom", de Xisto Bahia teria a primazia. Isso tudo no começo do século.

 

  Em 1950 Ary Barroso era considerado o maior sambista do Brasil e sua música "Na Baixa dos Sapateiros" estava no auge. Obra que ele compôs sem conhecer a Bahia. Conforme depoimento deixado pelo saudoso compositor baiano Batatinha – um dos favoritos de Maria Bethânia – Ary Barroso foi então convidado a conhecer o local que o inspirou. O projeto foi idealizado por Arquimedes Silva, então presidente da Federação Baiana dos Blocos Carnavalescos e realizado no Largo de São Miguel, na Baixa dos Sapateiros, onde foi colocada uma polaca em homenagem ao dia e ao compositor carioca. Em 1963 foi criado o "Dia do Samba" e a partir daí realizado todos os anos.

 

Por problemas de organização, o Dia do Samba levou vários anos sem ser realizado. Em 1972 o governo da Bahia, através da Empresa Baiana de Turismo – Bahiatursa decidiu retomar o evento com a "Noite do Samba e do Dendê". Foi o ano em que Gilberto Gil voltava do exílio em Londres e foi homenageado, ocasião em que lançou a música Expresso 222, um dos seus sucessos mais conhecidos.

   Neste dia se apresentaram Batatinha, Edil Pacheco, Riachão, Tião Motorista, Nelson Rufino, Panela, Valmir Lima, Ederaldo Gentil e muitos outros. O local foi o antigo campo do bairro da Graça. Daí em diante foi realizado em várias áreas, como  o bairro boêmio do Rio Vermelho, Parque da Cidade, Praça Castro Alves e outros. Em 1986 não houve por causa de problemas técnicos.

    No ano de 1987 voltou a ser realizado com o apoio da Fundação Gregório de Mattos. Dos melhores momentos registrados pelo coordenador Edil Pacheco, está o ano de 1981 quando foram homenageados Paulinho da Viola (que volta a sê-lo e é o único a bizar), Beth Carvalho e João Bosco, e momento em que o Dia do Samba passou a ter conotação nacional.

    Vários músicos e compositores foram homenageados de lá para cá e dentre eles estão Caetano Veloso, Francis Hime, Lecy Brandão, Alcione, Moraes Moreira, Luiz Melodia, Carlinhos Brown e Chico Buarque, além da homenagem permanente a Ary Barroso. Hoje o Dia de comemora em todo o Brasil.

    Edil Pacheco chama a atenção para o momento que vive o samba, na Bahia. Somente agora é que – como já acontece no Rio de Janeiro e São Paulo, desde o início deste novo século – a classe média, os estudantes e os músicos jovens começam a participar dos shows de samba e a fazer a renovação de valores.

    Ele explica que o samba é o segmento quem mais cresce, hoje, na Bahia, mesmo com a pressão da Axé Music. No período do carnaval, por exemplo, sempre surgem novos blocos e novos grupos fazendo um trabalho único e agregado ao samba tradicional. Um fato tem chamado a atenção, é a presença maciça de público e o sucesso de novos compositores nas sessões do Circo Picolino, localizado na orla de Patamares, todas as semanas. "Isso prova que o samba está sempre renascendo", observa o compositor Edil Pacheco.

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