sábado, dezembro 06, 2008


Artigo

PPS da Bahia, intervenção da direção nacional e a reconstrução do partido

 

 

Leonardo Dias Santos  (Membro da executiva estadual)

 

  

Passadas as eleições municipais e aproveitando a oportunidade proporcionada pelo Diretório Nacional de acender o debate acerca do processo político eleitoral em 2010, e, diante do razoável consenso dentro do pensamento do nosso partido de que o nosso caminho natural será a aliança com o PSDB, é obrigatória a atenção para o absurdo que está acontecendo na Bahia, quarto colégio eleitoral do país e, sem dúvida, um dos estados mais importantes da federação, onde o PPS está sendo usado vergonhosamente como sub-legenda do PT, que em troca acomoda meia-dúzia de dirigentes do PPS e seus familiares, em cargos de quarto e quinto escalão do governo Petista. E por conta dessa relação de subordinação em relação ao PT o nosso PPS vem progressivamente tendo a sua imagem ridicularizada diante da sociedade baiana.

 

 

 

Nesse momento em que, no plano nacional, a candidatura de José Serra já está claramente colocada, uma candidatura bastante forte e com ampla possibilidade de vitória, o PPS baiano, através de poucos que se julgam donos do partido, já estão articulando o não apoio a candidatura de Serra e a permanência da relação de submissão e humilhação que tem para com o PT baiano.

 

 

 

O Partido Popular Socialista, herdeiro legitimo do PCB, o partidão, que na sua longa história, sempre procurou participar das conquistas democráticas do nosso estado, oferecendo à sociedade baiana, quadros da envergadura moral de Amabilia Almeida, Luiz Contreiras e Fernando Sant'anna, atualmente, tornou-se uma legenda esfacelada e submissa aos interesses de um de um pequeno grupo, que vem de maneira absolutista, atropelando, sufocando, perseguindo e "expulsando" filiados opositores que não estão de acordo com os seus infinitos equívocos na condução dos rumos do partido no estado da Bahia, resultando no enfraquecimento exponencial da legenda.

 

 

 

 A atual gestão do PPS baiano conduziu o partido à perda total da capacidade de interferir politicamente nos rumos da sociedade, e, hoje, a densidade eleitoral Pepessista é praticamente inexistente. No último pleito, o PPS obteve a vigésima segunda (22º) posição em um total de 26 partidos em todo estado, não elegendo nenhum prefeito e apenas 60 vereadores nos 417 municípios. Isso representa cerca de 0,3 %, considerando o total de vereadores em toda a Bahia. Ainda assim, vale lembrar que, desses 60 vereadores "eleitos" pelo PPS, a maioria absoluta deles usaram a legenda como partido satélite, para não dizer partido de aluguel, já que ingressaram no partido apenas pela facilidade de êxito no pleito eleitoral, sob indicação dos seus lideres locais, os Prefeitos do interior indicavam o PPS, como mais uma legenda da composição que poderia absorver alguns candidatos de sua preferência. Não é necessário dizer que esse escasso número de 60 vereadores do PPS desconhecem o programa e o estatuto do partido e que depois de empossados ignorarão qualquer  vínculo com relação ao PPS. È por tudo isso que não temos como não considerar tal desempenho como truanesco para um partido que até recentemente chegou a administrar 6 prefeituras.

 

 

 

 

 

Não bastassem os fracassos eleitorais, o nosso partido que sempre foi caracterizado por ter a capacidade de atrair os melhores quadros, hoje é dirigido por pessoas de nível intelectual reduzidíssimo, pessoas que desconhecem a história do partido, pessoas que têm uma baixa compreensão com relação ao ambiente político em que estão inseridos, alguns atuais dirigentes do PPS chegam a enquadrar-se no que a ONU define como analfabetismo funcional.

 

 

 

Depois de alguns anos destruindo o partido, o pequeno grupo que se julga "dono do PPS" não tem o direito de lançar sobre os ombros dos outros uma derrota que lhe pertence. Ela é sua, ademais porque a direção do partido não foi escolhida pelos saudáveis critérios do merecimento e da eficiência. O que determinou foram os já velhos e antigos conchavos. Não fosse assim, a arrasadora derrota que o partido acabara de sofrer determinaria que quem deveria ser expulso eram todos aqueles responsáveis pelo vergonhoso processo de agachamento que o Partido Popular Socialista vem sofrendo na Bahia.

 

 

 

Esse grupo que não dá espaço para quem quer edificar um partido forte mostrou uma total falta de habilidade política na condução do processo de reconstrução do PPS. Eles conseguiram fazer com que o PPS, hoje não passe de uma legenda totalmente inexpressiva na Bahia. Eles devem conscientizar-se da responsabilidade pelos pífios resultados eleitorais obtidos. Foram as suas ações a causadora de todo o desastre que se abateu sobre o PPS.

 

 

 

E é com base nesse diagnóstico que a Direção Nacional do Partido deve reconhecer a falta de legitimidade desse pequeno grupo para falar em nome do PPS na Bahia. A ordem na oposição dentro do partido, que já é maioria absoluta, é não permitir que um nome de uma legenda tradicional como o nosso partido, continue exposta à incompetência de um pequeno grupo que não tem nenhuma legitimidade entre os filiados do partido e nem DEMONSTRA o mínimo de respeito para com as diretrizes nacionais do partido, representada pelo Presidente Roberto Freire.

 

 

 

A direção nacional deve intervir no sentido de cumprir o dever moral e político de  engrandecer o PPS na Bahia. A direção nacional tem que dar respaldo total aos filiados do PPS que pretendem construir um partido forte e digno de representar seus filiados e, sobretudo um partido de consistência ideológica, capaz de sem se perder atualizar-se e renovar-se permanentemente, de compreender e adaptar-se aos novos tempos, que saiba resgatar tudo o que há de positivo no rico passado e, através das experiências, submeter os erros à rigorosa crítica. Um partido que seja capaz de absorver as contribuições de todos os militantes que trabalham para construir um partido forte, audacioso e de porte.

 

 

 

O PPS da Bahia não vislumbra a possibilidade do exercício o poder. A visão de Gramsci sobre o partido político, e que parte do questionamento da necessidade histórica de sua existência, certamente recusar-se-ia a aceitar um tipo de organização nos moldes do PPS baiano como uma organização que existe de fato, pois, segundo a visão do autor italiano que norteia inclusive o manifesto de fundação do PPS, em 1992, representando a nossa ruptura com uma visão atrasada da esquerda, partindo da perspectiva de que o partido precisa chegar ao poder, até mesmo para que coloque em prática a sua visão e que entre as condições para a sua efetivação, está a possibilidade de seu triunfo, ou, pelos menos, uma via para que esse triunfo fosse alcançado. E é nesse sentido que a questão que fica é: o PPS baiano existe, pelo menos aos olhos da sociedade? De fato, nos transformamos em um partido virtual.

 

 

 

Agora, que nesse momento o pequeno grupo negocia em nome do PPS, um espaço no Governo Estadual petista, seria plausível o argumento de que o partido precisa de visibilidade e de estrutura para ampliar sua base social e política, o PPS passaria a integrar o governo do estado, depois de apoiar a eleição de Jaques Wagner (PT) em 2006 e até o presente momento não ter espaço na gestão. A idéia não seria de todo ruim, não fosse a subordinação da direção estadual a caprichos menores.  Há quem chegue a afirmar que o partido é usado para a sobrevivência financeira e pessoal de seus dirigentes. A ocupação de cargos deveria ser norteada no crescimento da estrutura partidária e sobretudo na implementação do programa do partido e não ser a recompensa da utilização do partido como sendo instrumento de barganha tão rasteira

 

 

 

E é diante da insofismável constatação de que a ocupação de cargos no governo é meramente fisiológica e que, por causa disso, em nada irá contribuir para amenizar o desastre eleitoral do PPS baiano, não há como negar que o partido precisa de novos rumos e de outros métodos de discussão e de deliberação.

 

 

 

Essa maneira de fazer política está esgotada, pois entre os que sonham construir um partido democrático não existe espaço para a "esquerda de negócios". O melhor que se pode recomendar a esse grupinho é: saiam do partido, deixem espaço para quem quer reconstruir o PPS !. Chegou a hora de largar o talão de cheques do fundo partidário; de abandonar o hábito de acomodar dirigentes     medíocres e subalternos em cargos públicos;  de não praticar a democracia interna; enfim, de por e dispor do partido como se propriedade privada fosse para atenuar os seus fracassos de ordem pessoal.

 

 

 

Por isso, se faz urgente a intervenção da Direção Nacional no sentido de acompanhar mais de perto o dia-a-dia do PPS baiano. O diagnóstico incontestável é o de que o nosso partido precisa começar o primeiro semestre de 2009 aproveitando o calendário e o fato de não ser um ano eleitoral para traçar os objetivos de 2010. Precisamos eleger deputados federais e deputados estaduais.  A não escolha de um caminho estratégico pelo qual o partido age numa situação competitiva pode explicar seu fracasso eleitoral. Atualmente observamos a ausência completa de um planejamento estratégico sério acompanhado de um monitoramento sistemático das metas estabelecidas para que em 2010 possamos deixar de ser chamados de "partido virtual" e passemos a interferir efetivamente no processo político local.  O PPS precisa estabelecer as metas alcançáveis, mensuráveis, relevantes e temporais para serem atingidas já em 2010.  

 

 

 

Para continuarmos como legenda submissa ao PT não podemos aceitar nenhuma justificativa e, muito menos, ficarmos presos ao discurso do passado, o discurso oportunista do anti-carlismo. Se é mesmo fato que a história recente da Bahia e do Carlismo é uma crônica de autoritarismo, ineficácia governamental, de exclusão e injustiça sociais insuportáveis, é também verdade que essa conjuntura ficou para trás e esse discurso é ineficiente e completamente descolado da realidade atual, pois desde os anos 90, percebíamos que a situação hegemônica do Carlismo já vinha perdendo força  e dando espaço à uma conjuntura  de disputa bipolar do Carlismo contra a união das oposições, da qual o PPS sempre fez parte ao lado do PT e outras forças, pelo menos até aquele momento identificadas como "forças progressistas". Por outro lado, agora já ingressamos em um momento "Pós-Carlista" onde percebe-se, no mínimo, a existência de três projetos majoritários para o governo estadual da Bahia em 2010 e o PPS tem opções de posicionamento diferentes do cenário míope que só enxerga "Carlismo Vs. Oposição".

 

 

 

O alinhamento formal com o pensamento político da direção nacional do partido deve ser o primeiro ponto de inflexão no sentido de reconduzir o PPS baiano ao seu rumo. Precisamos ser realistas e enxergar que o Carlismo é passado, assim como a visão de quem dirige o PPS na Bahia. Os princípios do realismo levam sempre à racionalidade dos meios e dos fins e eles devem nortear as ações do nosso partido.

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1 Comments:

At 6:52 PM, Anonymous Anônimo said...

A incoerência da política na Bahia

Os partidos de oposição PSDB, DEM e PPS anunciaram nesta quarta-feira (03/12) a formação de uma aliança para disputarem juntos as eleições de 2010. Participaram do encontro os presidentes do DEM, Rodrigo Maia, do PSDB, Sérgio Guerra e, do PPS, Roberto Freire, além do líder do PPS na Câmara, Fernando Coruja e do Secretário-Geral da legenda, Rubens Bueno. Porém, mesmo o PPS tendo sido representado pelo Presidente, Secretário Geral da Legenda e do líder da Bancada Federal, Dep. Fernando Coruja, na quinta-feira (04/12), na Bahia, que é o quarto maior estado em eleitores do Brasil, o Presidente Estadual do PPS, George Gurgel e o Tesoureiro Estadual do PPS, Francisco Otoni e o Vice-Prefeito eleito de Amélia Rodrigues, João Manoel Bahia Menezes, foram se encontrar com o Governado Jacques Wagner (PT) para solicitar mais cargos no governo do estado. Lembrando que o PPS-Ba ajudou a eleger o governador e a reeleger o Presidente Lula em 2006. Logo, será um fiel aliado em 2010. Vale lembrar que em 2006 enquanto o Dep. Roberto Freire fazia campanha para Geraldo Alckimin (PSDB), os socialistas na Bahia pediam voto para o PT. Em 2008, o PPS fez campanha para o Dep. Walter Pinheiro (PT) no segundo turno.
Com toda essa confusão, o eleitor baiano fica na dúvida: O PPS é o partido de oposição ao PT ou aliado do PT.
Essa falta de identidade do PPS na Bahia vem levando a legenda a um verdadeiro abismo eleitoral, deixando o Partido sem nenhuma representatividade. Em 2006, o PPS nem se quer conseguiu reeleger seus dois Dep. Estaduais, já em 2008 não elegeu nenhum dos 417 prefeitos na Bahia.
Porém, o grupo petista dentro do PPS, começa a encontrar uma forte resistência interna oferecida pelo Vice-Presidente do PPS em Salvador, Tiago Martins que lidera a “Tendência RenovAÇÃO PPS”, junto com outros Dirigentes Regionais da legenda na Bahia.

 

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