sexta-feira, dezembro 05, 2008


Artigo

Jolivaldo Freitas

 

 Chegando ao final do ano letivo é que se vê o que ficou para trás e a constatação da falta de qualificação das unidades de ensino. Um pai – que sempre que se queixa ouve de diretores, professores e coordenadores que ele é omisso e quer que a escola cubra suas falhas como educador; como se a escola fosse apenas para o aluno decorar o assunto e passar de ano, para num futuro, quem sabe, vencer no vestibular – fica frustrado quando se confronta com profissionais que deviam dar o exemplo e não o fazem.

 

    Este artigo trata de conflitos de interesses. O primeiro diz respeito à abordagem anterior, pois se tem vivenciado os fatos, coisa de causar decepção com as escolas particulares tradicionais. Não vou entrar no mérito do ensino x nota, que já tratei à exaustão. Mas, o que se pode achar de um professor que critica veementemente para seus alunos, o fato de certa marca de tênis usar mão de obra infantil na Ásia e ele mesmo estar calçando tênis da marca?

 

   Claro que para os alunos soa a hipocrisia. E, se um aluno ou aluna (cujo teste de personalidade da própria escola a classificou como autêntica e feliz) tem uma atitude diferenciada, como não querer ser uma "Patricinha"e o professor ou professora a trata como uma pessoa nefasta, apenas por não ser do seu agrado? E, se o educador ainda coloca pecha ou discrimina perante os (as) colegas? Não é difícil de entender. Falta qualificação para que o mestre enfrente as diferenças; as idiossincrasias em sua sala de aula. Justo ele que vem ser o fiel da balança.

 

    Já na rede estadual, agora mesmo existe uma grande insatisfação e está dando a maior confusão e queixumes, entre os funcionários das escolas estaduais da Bahia. Tudo por causa do processo de escolha dos diretores e vices, que ocorrerá em dezembro. O procedimento é o seguinte: havendo duas ou mais chapas concorrentes, o processo de apuração terá como base o resultado da soma dos votos válidos obtidos para cada chapa, multiplicados pelo respectivo peso do segmento, dividido pelo total de votos válidos no segmento.

 

   Os pesos ficaram estabelecidos no decreto, com as seguintes proporções: Pais ou responsáveis = 25% (vinte e cinco por cento); Estudantes = 25% (vinte e cinco por cento); Membros do magistério = 45% (quarenta e cinco por cento) e Servidores = 5% (cinco por cento). É daí que vem a confusão. Os funcionários que são aqueles que lidam diretamente com os problemas e a burocracia no setor educacional, e que têm contato irrestrito com os alunos, se acham preteridos no processo, desqualificados e desrespeitados. Entendem que não pode haver democracia com pesos diferentes.

 

   Sem falar que antes mesmo da homologação das chapas já vinha sendo feito propaganda e a SEC fez vistas grossas. E já se registram conflitos entre os candidatos, e até com os alunos.

 

Originalmente publicado em A Tarde – Coluna Opinião – Dia 1.12.08

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