domingo, fevereiro 17, 2008


Vai gasolina ou álcool?

 

 JOLIVALDO FREITAS

 Começou a vigorar a medida provisória que proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos postos de gasolina nas rodovias federais. Especialistas em trânsito aplaudem e garantem que vai diminuir o número de acidentes. Os motoristas observam que sempre existe uma forma de driblar a "lei seca". Mas que a iniciativa é válida, ninguém pode negar, ainda mais quando se sabe que, em quase 70% dos acidentes nas estradas, houve a constatação de concentração de álcool no sangue dos envolvidos.

Os proprietários dos postos de combustíveis ainda estão protestando e ameaçam com desemprego em massa. Os sindicatos da classe revelam: na maioria dos postos, a venda de bebidas representa mais da metade do faturamento.

O que eles não perceberam: com este argumento, estão validando a medida. Fornecem números que atestam ser a ingestão de bebidas alcoólicas, nas estradas, um grave problema. Vale ressaltar que é problema em qualquer sítio.

Já os biriteiros de plantão acham que a lei é restritiva aos direitos dos cidadãos. Não tendo bebidas nos postos, a medida atinge também quem não dirige e quer tomar seus drinques; como se não houvesse a alternativa de bares, botecos, cacetesarmados, barraquinhas ou quitandas, vendendo de tudo. Aliás, o que mais se encontra em qualquer lugar do País é boteco e farmácia. Tem sempre na esquina e até no meio do mato.

O que está faltando agora é uma atitude dos vereadores de Salvador, visando garantir a lei que impede a venda de bebidas alcoólicas nos postos de gasolina da zona urbana. O sindicato classista – que há cinco anos conseguiu anular iniciativa municipal que proibia a venda –, também revela que 70% do negócio é a venda de bebidas.Hoje, Salvador tem mais de 40 lojas de conveniência, distribuídas em 180 postos, onde trabalham cerca de 600 pessoas. É por onde passam milhares de jovens que bebem, e depois dirigem. Trata-se de um comércio totalmente ilegal, levando-se em conta que, quando o empresário solicita o alvará de funcionamento, o negócio é voltado para a venda de combustível. É para vender bebida? Feche o posto e abra a birosca.

O cidadão que passar pelo Jardim Apipema, Itaigara, Boca do Rio e Itapuã, dentre outros locais, principalmente as quintas, sextas e sábados verá os postos de gasolina apinhados de carros e a galera bebendo até cair (e sair dirigindo).

Sem falar do barulho, que tanto incomoda os moradores das imediações, das discussões e das "alegres" manifestações levadas pelas "bebidas espirituosas".

O certo é que a combinação entre bebidas alcoólicas e combustíveis para os carros é inadmissível e a venda dos dois elementos num único espaço demonstra, antes de tudo, que a usura dos empresários é maior que o respeito pela vida. No momento em que eles se queixam da lei, por causa da diminuição do lucro, fica patente que posto de gasolina vende mesmo é destilados. Carro pode ser flex. Posto, não!

 

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