Fonte Nova: Crea-BA conclui e encaminha laudo
O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-BA) encaminhou hoje, sexta-feira (30), laudo sobre a vistoria realizada na última terça-feira (27) no estádio Octávio Mangabeira, mais conhecido por Fonte Nova. Os ofícios foram enviados ao Ministério Público Estadual, procurador Geral Lidivaldo Raimundo Britto, ao governador do estado, Jaques Wagner e ao presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), Marcos Túlio de Melo.
Leia trechos do laudo:
7.2 PROBLEMAS OBSERVADOS:
Na vistoria realizada, verificou-se falta de uma manutenção preventiva e periódica em toda a estrutura do Estádio, apresentando estado de deterioração, com desplacamento de concreto, rachaduras, infiltrações generalizadas, resultando em umidade excessiva, presença de carbonatação e corrosão das armaduras com expansão na massa do concreto, denotando drenagem deficiente para escoamento das águas pluviais fotos nº 09 a 12. Trincas e lascamentos em pilares em função da expansão da armadura do concreto, conforme fotos nº 13.
Constatou-se também, que os sanitários encontravam-se em péssimo estado de conservação, presença de poças d'água e outros líquidos (urina) em diversos espaços, arquibancadas necessitando de limpeza, problemas nas instalações hidrossanitárias, no sistema de drenagem e fiações elétricas expostas, foto nº 15 e 16.
Outro ponto destacado é a falta de acessibilidade geral do Estádio, conforme prevê o decreto Federal nº 5.296/04 e NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas ABNT, ausência de rampas de acesso para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida e sanitários para pessoas portadoras de deficiência.
8 EXAMES:
Os problemas observados são típicos de falta de manutenção, desgaste em função do tempo de vida útil do equipamento e dos materiais de sua constituição. De uma forma geral, a umidade tem concorrido para ocorrência de manifestação patológica no Estádio.
A presença de água causando umidade excessiva associada a outros elementos agressivos, é decorrente de deficiência do sistema de drenagem que retém um volume de água considerável nas arquibancadas, desencadeando um processo de corrosão que tende a abranger toda a extensão mal protegida da armadura, com expansão e diminuição da seção em alguns pontos reduzindo sua resistência, foto nº 17.
De acordo com Cânovas: "A corrosão de armaduras nas estruturas de concreto são decorrentes, preponderantemente, de processos eletroquímicos, característicos de corrosão em meio úmido, intensificando-se com a presença de elementos agressivos e com o aumento das heterogeneidades da estrutura, tais como: aeração, diferencial da
peça, variações na espessura do cobrimento do concreto e heterogeneidade do aço ou mesmo das tensões a que está submetido".
Os mecanismos de desenvolvimento da corrosão não são simples, neles interferindo diversos fatores, como a permeabilidade do concreto à água e gases, o grau de carbonatação atingido pelo concreto, a composição química do aço, o estado de fissuração da peça e as características do ambiente, principalmente no que tange à umidade relativa do ar e à eventual presença de íons agressivos.
As reações de corrosão, independentemente de sua natureza, produzem óxido de ferro, cujo volume é muitas vezes maior do que o original do metal são. Essa expansão provoca o fissuramento e o lascamento do concreto nas regiões próximas às armaduras, fotos nº 08, 1011e 12.
9 CONCLUSÃO:
Diante do exposto e das evidências observadas "in loco", os signatários do presente Relatório, concluem que o acidente ocorrido no Estádio Octávio Mangabeira, (Fonte Nova), situado na Ladeira das Fontes das Pedras, s/nº, Nazaré, Salvador BA, decorreu de colapso da estrutura da laje, especificamente, nos pontos de engaste com a face inferior da viga, devido a corrosão na armadura de ligação entre as duas superfícies (da viga e da laje).
Constatou-se que o acidente resultou, entre outros fatores, da falta de manutenção na estrutura de concreto armado do estádio, tendo-se observado a incidência de umidade generalizada resultante de acúmulo de água e deficiência de drenagem, o que concorreu para o elevado grau de corrosão das armaduras, com redução significativa de sua seção, comprometendo ainda a resistência estrutural.
Verificou-se que, em locais adjacentes ao sinistro, ocorrem problemas semelhantes com a estrutura que colocam em risco iminente a utilização daquele equipamento. Foram observados que os problemas se estendem aos pilares, vigas e demais lajes, comprometendo a resistência de tais elementos estruturais e o seu uso com segurança.
Por tudo o exposto, conclui-se pela necessidade de interdição total do Estádio até que se defina, através de análise técnica, feita por especialistas (uma equipe multidisciplinar de profissionais) a melhor alternativa para o equipamento, ou seja a possibilidade de recuperação total da estrutura ou nova construção, em função da viabilidade e dos custos previstos. Nas condições atuais não há condição de funcionamento.
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