quinta-feira, novembro 15, 2007


A ditadura dos alunos (*)

Jolivaldo Freitas

 

    Nas escolas particulares de Salvador o mês de novembro representa período de provas para a última unidade. Os alunos que conseguiram alcançar a média aritmética instituída por seu colégio, que depende do grau de exigência do Conselho Escolar, saem de férias. Uma boa leva fica em recuperação, até dezembro; coisa que muito pais consideram uma injustiça e uma forma da escola faturar um pouco mais.

     Pois, está na hora de aproveitar que o Ano Letivo está acabando para fazermos uma avaliação: qual o verdadeiro o papel do professor no mundo atual? É tempo de analisar um grave problema que vem caracterizando o relacionamento entre alunos, professores, pais e colégios: nenhum respeita o outro.

  A gravidade está no comportamento dos estudantes e também dos professores em sala de aula. Isto, alinhado à reação daqueles que são os responsáveis pela educação doméstica e pelos valores  morais - os pais. Hoje, o que se verifica é a ditadura dos alunos,  mesmo nas salas dos vetustos complexos ou tradicionais escolas baianas.

    Apreciei situações vexatórias, que demonstram o desapego, o desrespeito e a falta de carinho dos alunos para com os professores. Foram vários casos de agressão verbal, ao longo deste ano. Soube, por ser contado por mães aflitas, que colegas dos seus filhos agem mal. Numa tradicional escola de formação jesuítica - que formou ao longo da sua história grandes escritores, políticos e outros importantes baianos -, a professora de Matemática ameaçou punir um aluno marrento. Ele reagiu:

- Faça isso para ver o que te acontece!

   E a professora começou a chorar na frente de todos, e daquele que ela não conseguiu controlar com sua "autoridade". O nível dos alunos: Ensino Fundamental. Idade do aluno: 11 anos. Poderíamos dizer que é o fim dos tempos.

    A professora se justifica, em tom conciliatório e com humildadde, explicando que nada pode fazer. Se castiga mandando para o Sevic, os pais reagem e pedem punição… para ela. Depois escola . Diz que a escola não pode – no meio do ano – prescindir da mensalidade e dá sempre razão aos alunos e pais. Se o profissional for demitido fica "queimado" no mercado. Perder o emprego num colégio de ponta é prescindir de melhor salário e significa cair no conceito profissional.

    Entre perder o emprego ou perder o respeito dos alunos, melhor a segunda opção. Houve um tempo em que o professor entrava na sala e os alunos se levantavam em reverência. O silêncio era absoluto até o "bom dia" do mestre. Claro que não precisa mais ser assim, nem no Colégio Militar. Mas também não pode ser como está. Certamente Piaget, Paulo Freire e Gaston Bachelard estão se revirando nas tumbas. Não foi assim que imaginaram a escola evolutiva.

 

(*) Originalmente publicado no jornal A Tarde (coluna Artigo, dia 10 de novembro)

 

______________________________________________________________________

1 Comments:

At 5:48 AM, Blogger Alvaro Figueiredo said...

Educação, não digo q tenha, bossalidade, me sobra.
Parabéns, Joli.
Mais lindo q tudo feito,
hasta hora, Na Lata
Mas não ouse nos abandonar, senão, soltamos as ferraduras
kiss-on-ass
alf

 

Postar um comentário

<< Home