sexta-feira, março 16, 2007


TROQUE SEU MARIDO PELO PORTO

a vez passada, neste mesmo canal eu fiz uma elegia ao Porto da Barra, somente pelo fato dele ter sido eleito por um jornal inglês, como das três maiores praias do mundo. Claro, ficou patente, que eu sou apaixonado pelo Bat local, mesmo com todos os seus insetos, insestos, incertos e certinhos.
Minha surpresa foi receber um montão de mensagens eletrônicas de pessoas de diversos países, dizendo a mesma coisa: o Porto da Barra é o máximo.
Da Alemanha veio carta via internet de uma alemã fissurada no Porto da Barra. Ela me diz que foi paixão à primeira vista e todos os dias ia lá. No início era incomodada pelos vendedores, por paqueradores baratos e afins, mas, abaianando-se de vez achou a solução, passando a fazer tricô na praia e foi deixada de lado, passando a degustar da maravilha que considera a fauna e o pôr-do-sol, a ilha, os barcos e tudo o mais que passa por lá. Karin Tolles, lá da terra de Goethe dá razão ao jornalista inglês, dizendo que deve existir praias bem mais bonitas, mas nenhuma igual ao Porto.
Uma gaúcha diz que não mora na Barra porque seu marido decidiu ir para um bairro mais afastado, mas que sempre que pode dá uma passada e sempre lembra da areia e sua gente; da paisagem e do frisson; da platitude, da calma que emana das águas quase que paradas e céu azulão. Dá razão ao súdito da rainha.
Outro e-mail me conta a história do pai de que veio para a Bahia para conhecer todo o litoral. A primeira praia que visitou foi o Porto da Barra e aí melou tudo o passeio da família. Ninguém conseguiu convencer o homem que existiam outras praias ao longo da capital e no extenso litoral baiano. Ficou até quando pode, dias e dias no Porto. Fátima Mezzomo, Elias Bastos, Matilde Aleluia e tantos outros sabem o que o point significa para quem o ama.
Lembrei da reação do meu cunhado, Marcelo Niederauer, que chegou pela primeira vez em Salvador e foi levado para o Porto. Achou bonito, isso aquilo, mas o que chamou sua atenção e ele ficou quase que hipnotizado foi com a limpidez da água da praia do Porto da Barra. Acostumado às águas turvas de Imbê e Tramandaí, no Rio Grande do Sul, onde até Maré Vermelha já teve, ele quedou-se e exclamou depois: “Pô! Dá para ver os pés”. Uma frase simples mas que o marcou para sempre.


Outro missivista informa que no Norte de São Paulo tem uma praia imensa que parece o Porto da Barra. É a praia de Boisucanga. A curvatura, a areia, uma ilha defronte, do outro lado mar aberto. Mas explica que não dá para comparar. Segundo sua observação, parece, mas fica faltando a essência que somente o Porto possui.
Um leitor me pergunta porque citei Tomé de Souza na crônica passada e quero explicar para ele que o primeiro governador do Brasil foi este bravo lorde português, que aqui aportou com sua comitiva, inclusive aqueles que iriam criar a verdadeira Cidade do São Salvador da Bahia de Todos os Santos, mas que pisou primeiro no Porto da Barra. Lá, hoje, tem um painel, que durante anos esteve abandonado e depois foi restaurado, mostrando cenas do desembarque dos portugueses. Só não me pergunte quem foi que fotografou.


Também pergunta porque citei Diogo Alvarez , o Caramuru. Digo que ouvi dizer que Caramuru, que andava pelas bandas da Graça, Vitória e do Rio Vermelho, com certeza, quando saia para a Ilha de Itaparica, partia desta enseada, por ser mais calma que a do Rio Vermelho e da Ponta do Padrão, onde hoje está implantado o Farol da Barra. Não posso assegurar, pois neste período ainda não andava por lá, mas acredito piamente.
O interessante, entretanto, no mundaréu de correspondência que recebi foi a coincidência de quatro mulheres virem a me dizer e a desabafar, que somente não moram perto do Porto da Barra ou o frequentam por causa de maridos que querem fugir da área ou que botam defeito dizendo que a água é suja, a areia pegajosa, tem pivete atacando, o acarajé é caro, aluguel de cadeiras e guarda-sóis os olhos da cara, comer espetinho de camarão só mesmo para turista, que andar de banana-boat custa os olhos da cara, que fazer tatuagem de hena esvazia o bolso e que não dá nem para tomar uma caipirinha sem liquidar o orçamento.
Foi então que decidi criar uma campanha publicitária e, se conseguir patrocinador, vou colocar na rua cartazes de apoio ou de desagravo às mulheres que amam minha praia e sofrem a recusa dos companheiros. O título dos cartazes será:


TROQUE SEU MARIDO PELO PORTO DA BARRA
O Porto dá muito mais prazer

Aliás, gente querendo ser marido e mulher é o que não falta naquele pedaço de menos de 500 metros de areia que vale ouro e cheio de alegria, emoção, beleza, pecado, tranquilidade, filosofia e qualidade de vida.

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2 Comments:

At 4:42 PM, Anonymous Anônimo said...

YES YES YES !!!
E olha que vc nem citou Saldanha ... e nem Sampaio ...

 
At 4:04 PM, Anonymous Anônimo said...

O pai do Marcelo confirma a transparencia d'agua nesse mar, mas o que ele se queixou do bichos de pé ( não em pé, tá)

 

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