terça-feira, dezembro 19, 2006


UM NATAL INESQUECÍVEL

baiano não sabe mesmo comemorar o Natal. Vivenciar o espírito natalino somente no Sul do Brasil. Lá sim, dá gosto apreciar as decorações. E não estou nem falando da cidade de Gramado que se volta para estes festejos desde o mês de novembro e vai até janeiro. Uma cidade em festa de cores, luzes e música em cada esquina. Digo mesmo das casas mais suntuosas às mais humildes, que preparam e exibem suas guirlandas, árvores e pisca-pisca. Por nossas bandas o mais dedicado aos festejos de fim de ano acha que basta comprar um fio cheio de luzes e arrumar de qualquer jeito na janela que está tudo bem. O que se vê pelas fachadas são toscos arranjos. Uma parte em cima, outra parte embaixo, um cordão aceso e outro com as luzes apagadas. Os mais “criativos” ainda tentam fazer desenhos, como de um pinheiro ou do gorro de Papai Noel, mas a maioria coloca as lâmpadas como se tivesse fazendo uma obrigação com desprazer. Melhor deixar sem luz.
Também, excetuando-se o centro da cidade onde, todo Natal, alguma novidade, por mais ínfima que seja, é exposto ao público, nada de mais há para ver. O Dique do Tororó recebe algumas lindas árvores natalinas feitas de luzes, numa combinação chamativa, mas o entorno dele fica parecendo mesmo boca de pobre. Cheio de vazio.

Quem passa pela avenida Centenário vê que foi feito uma meia-sola. Cada árvore levou seu quinhão de lâmpadas, que sequer chega a 10 por cento do tronco. Lá, deveria ser uma iluminação especial, com as copas iluminadas com cores diversas. A mesma coisa poderia ser feita com as árvores do Largo de Roma. Mas, o que parece é que a Prefeitura Municipal, por falta de verba ou contenção de despesa ou economia de espírito natalino decidiu pegar parte da fiação que caberia nestes cantos e usou em outros bairros da cidade. Ficou ruim em tudo que é canto.
Todo ano, justamente por ser o Natal, minha época preferida, critico a falta de criatividade do pessoal da Prefeitura. Mas é que lembro de uma festa de Natal de antigamente, onde o que não faltou foi criatividade para o pessoal lá da Península Itapagipana.
Na época não tinha nada disso dessas luzes importadas que brilham, piscam e somente faltam fazer acrobacia. As lâmpadas eram de todas as cores, graúdas e os arranjos eram feitos manualmente para serem colocados ao redor da árvore. Todo mundo fazia um presépio e a disputa entre as casas era para ver quem fazia o mais bonito. Naquele ano seu Antonio Surdo, que os meninos chamavam de Antonio Ô! (porque a gente gritava para ele assim: Ô! Ta ouvindo seo Antooonho? estava em dificuldades. Pela primeira vez o presépio principal, da praça, não poderia ser elaborado, pois faltava o barro que era transformado em cavalos, carneiros, vacas, bodes, pássaros, estrelas, manjedoura, menino Jesus, Reis Magos e os pais de Cristo.
Várias pessoas saíram em busca do barro especial que virava cerâmica e arte nas mãos de seo Antonio e não conseguia nem no subúrbio da cidade. Isso porque o saveiro que trazia o barro lá do Paraguaçu tinha virado. Era uma tristeza só.
Até que aconteceu um milagre. Uma caçamba que levava barro para uma obra no Bonfim quebrou o eixo lá na Boa Viagem. Para fazer o conserto era preciso jogar fora a carga. Na véspera de Natal todos os vizinhos largaram seus afazeres para cessar o barro; pisar o barro; amassar o barro enquanto seu Antonio Ô! Ia fazendo os bonecos. Foi o maior e mais bonito presépio que a cidade já viu.
Hoje não dá mais para se ter milagres, pois os supermercados e lojas importam os objetos da China e da Coréia. Tudo a R$ 1,99. Até seu Antonio, se vivo fosse, iria preferir comprar pronto.
Feliz Natal para você e sua família.

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1 Comments:

At 2:05 AM, Anonymous Anônimo said...

YES Joli! Feliz Natal procê também!

 

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