terça-feira, dezembro 05, 2006


SANTA BÁRBARA

e seo Romualdo Pai Incerto

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OBS do copy - Se vc está aqui, é blogueiro de carteirinha porque DE NOVO, o dono do blog, botou o endereço errado no jornal! Assim não tem leitor fiel que aguente tanta desconsideração! Ou tem.
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s festejos em homenagem a Santa Bárbara - que nem a Igreja Católica e muito menos os afro-religiosos gostam que digam que é sincrética a Iansã -, mudaram muito desde o final do século passado. Agora não tem mais um grande percentual de participação popular profana, e perdeu o ânimo de uma festa que, depois de São Nicodemus (este reverenciado pelos estivadores no dia 29 de novembro), seria aquela que deflagraria o Ciclo de Festas Populares da Bahia.
Hoje o povo não foge mais do trabalho, como antigamente, para sambar no pé ou acompanhar o samba na palma da mão. Quem pode vai. Quem não pode não se sacrifica.
Mas, embora sem a velha multidão que enchia o mercado localizado no Comércio, muitas pessoas ainda insistem em participar da missa, da procissão e da distribuição do tradicional caruru que é feita no prédio da central do Corpo de Bombeiros (este ano a missa foi para o quartel do pessoal da Bomba, lá do Bonocô, pois o prédio antigo, da praça dos Veteranos, onde fica a imagem da santa, ameaça desabar com ela e tudo).
Atualmente, a maioria que vai para os festejos é que tem a “cabeça feita”. Por exemplo, seo Romualdo Pai Incerto nada entende de sincretismo, de religião afro-brasileira e muito menos de religião Católica. O que ele gosta mesmo, por hábito, é cair na farra, tomando batida de tamarindo – como se fazia antigamente – e disputando o prato de caruru com a multidão. Todos os anos ele coloca seu terno branco de linho, que foi feito pelo alfaiate Teodoro Mão de Ouro (que Deus o tenha, pois morreu em outubro, bem no dia em que fazia 101 anos), que de tão engomado e tão passado a ferro para as festas já brilha até na luz da lua e ganhou vinco perpétuo. Saiu às três horas da manhã de Santo Antonio de Jesus e desembarcou na Rodoviária de Salvador, de onde foi pegar as primeiras missas e participar em algum terreiro da alvorada com fogos.
Depois foi só esperar a hora de ir para o Corpo de Bombeiros para tomar todas até dar a hora de voltar para sua cidade. Faz isso há mais de 30 anos. Por causa desta “devoção” e pelo fato que religiosamente, exatamente, nove meses depois sua mulher dona Francisca Oliveira Pereira Santos Correia (que este é o sobrenome do marido) dar luz a filhos do mais variado matiz (felizmente coisa que já não acontece a mais de 10 anos) é que ganhou o apelido de Romualdo Pai Incerto. O povo de língua ferina diz que todos os anos dona Francisca aproveita que o esposo está comendo caruru, para cair de boca no que não deveria. Seo Romualdo não liga e responde com um muxoxo.
O interessante é que nos últimos anos – pelo que se viu ontem – a festa volta, gradualmente, a despertar o interesse do povo. Além do lado religioso tivemos um tímido teor profano. O gênesis da festa foi 1641, numa iniciativa dos comerciantes e trabalhadores do Mercado de Santa Bárbara, no Comércio, onde tinham montado uma pequena capela. Depois da liturgia os fiéis seguiam a procissão pelas ruas, parando na Igreja da Conceição da Praia, voltando pelo mesmo caminho para o mercado e então tome-lhe samba-de-roda, rituais de candomblé e capoeira. Mas, o mercado pegou fogo em 1874.
Em 1912 a imagem foi para o Mercado da Baixa dos Sapateiros. A festa continuou, mas este novo endereço entrou em decadência a partir de 1980.
Para a homenagem não morrer, nos anos 90 a Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Pretos passou a organizar a missa e o cortejo.
A procissão que todos os anos sai pelo Centro Histórico tem destino certo que é a parada no Corpo de Bombeiros onde se distribui o caruru. Porquê Santa Bárbara é madrinha dos bombeiros? - É fácil -, diz seo Romualdo Pai Incerto: “Ela, assim como Iansã – Eparrei, Oyá! – é deusa do fogo, da luz, do vento, das tempestades e dos raios, coisas que os bombeiros entendem”.
Ao contrário de Iansã ou Oyá, cultuada como dona do tempo e dos espíritos; que se apaixonou por Oxaguian e fugiu de casa, deixando o marido Ogum, Santa Bárbara foi sacrificada pelos próprios pais na cidade de Heliópolis, na época do imperador romano Maximiliano (305-311). Seus pais cultuavam antigos deuses romanos e fenícios, e não gostaram quando descobriram que ela tinha se convertido ao cristianismo. Seu fim foi triste: morreu decapitada. É uma das mais importantes mártires do Cristianismo.

*** PS1. Por motivos de saúde foi suspenso [ele quer dizer "adiado"] o lançamento do meu novo livro. Enquanto isso entre em meu blog: www.jolivaldoblogspot.com ...

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2 Comments:

At 9:30 PM, Blogger Suely Temporal said...

Muito Bacana! Eparrei!!!

 
At 1:28 AM, Blogger Denis said...

eSCUTA ... isso aqui fica parado uma semana é?

 

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