sexta-feira, novembro 17, 2006


POMBO SEM ASAS

ue me perdoe o ministro da Defesa, Waldir Pires, mas achar natural que mais da metade dos vôos atrasem nos aeroportos brasileiros não é nada normal, como ele garante. O ministro está perdido. Avoando, como se diz no sertão. Deu pena quando ele – repetindo o presidente Lula – disse na origem do problema, que não sabia de nada; que o pessoal da Aeronáutica não tinha avisado, que não tinha visto nada. Só faltou dizer – para virar clone do presidente – que mandaria a Polícia Federal apurar, punir e prender as aeronaves, caso fosse verdade que elas não estavam saindo no horário. Bastava ligar para qualquer empresa aérea e saberia do problema.
Pergunto: como é que Waldir Pires foi entrar numa fria destas? Sua biografia não precisava disso. Ele não precisava mais se misturar com ninguém. O ministro poderia ser hoje, caso respeitasse o seu currículo, uma referência institucional, ética e moral. Mas, deixou-se levar. Podem dizer que ele acreditou num projeto que repensaria o país e foi dar um pouco de sua boa vontade. Mas, e depois que viu que não era nada daquilo que esperava? Será que, desde então, ele não sabia o que estava acontecendo dentro do partido. Até Roberto Jefferson sabia e depois delatou. Todos os políticos de Brasília sabiam de tudo e não revelavam o assunto ou por medo de retaliação do governo, ou por não terem provas ou por estarem se locupletando.
Faço este desabafo porque respeito Waldir Pires e acho que sua biografia não merece este capítulo – que vou considerar como um hiato ou um buraco negro em sua história. Posso dar, sim, um puxão de orelha no ministro, pelo fato de ser seu fã de carteirinha. Desde que voltou do exílio que acompanho sua trajetória, como um admirador que fica extasiado com seu ídolo. Tenho medo de que o que era êxtase (excitação, emoção, adrenalina), venha se transformar em extase (estado de absoluta inércia, sedação, frustração).
Tenho uma história com Waldir, unilateral, sem ter tido nunca a necessidade de uma aproximação, embora eu tenha trabalhado com a equipe que montara para dirigir o Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia – Irdeb, durante o seu curto governo e, posteriormente, de forma fugaz, na gestão daquele que ele passou a faixa de governador. Lembro que estive perto de ser linchado quando da sua campanha para governador. Aquela que ele ganhou enfrentando Josaphat Marinho. Para mim foi um drama, tanto votar, como atuar como repórter político da Tribuna da Bahia, que me contratara para acompanhar o dia-a-dia do professor Josaphat, por quem eu tinha ampla admiração e era um excelente interlocutor e uma pessoa a quem eu recorria quando tinha alguma dúvida dentro de sua área de atuação. Minha consciência doía por não apoiar Josaphat. Ocorre que eu achava que era tempo de um desagravo para Waldir Pires e, durante uma cobertura jornalística no comitê de Josaphat, no final da avenida Centenário, alguém lembrou que eu tinha escrito sobre isso numa das edições deste jornal e que, portanto, eu estaria ali como infiltrado. Eram mais de cem cabos eleitorais, admiradores e funcionários do comitê que estavam ali avaliando os números do Ibope que no dia anterior estava dando larga vantagem para Waldir Pires. Fui cercado e recebi chutes, tapas e empurrões e a situação não piorou porque fui salvo por um assessor de Josaphat de nome Juvenal (que hoje atua na prefeitura de Acajutiba, onde, por coincidência o ministro nasceu). Foi ele quem controlou, do alto da escada que dava acesso ao primeiro andar, a turma raivosa.
Não estou cobrando de Waldir Pires os tabefes que levei em seu santo nome, principalmente porque ele não me pediu para ser herói ou vítima. Estou apenas dizendo para ele sair deste esparro onde está metido. Ele é uma história viva. Sua trajetória merece respeito histórico. Como dizia minha avó, sua avó e a avó dele: “Quem com porcos anda, farelo come”.
Para falar a verdade o ministro, na Defesa, está parecendo pombo sem uma asa. Voa, mas não tem direção.

Atenção: Vulgar – Brincando de Sexo & Outras Bobagens - no final do mês.

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1 Comments:

At 12:01 AM, Anonymous Anônimo said...

então heim ... cheio de assunto ...

 

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