terça-feira, novembro 21, 2006


PARA ENTENDER POLÍTICA

ão meros 18 dias em que o Brasil ético ficou abismado com o resultado das eleições para presidente da República, senadores e deputados federais. Foi uma luta de idéias e ideais como não se via desde os tempos do primeiro mandato de Getúlio Vargas. O chamado povão que habita os grotões da região Nordeste, beneficiado pelo bolsa-família (um salário pago mensalmente pelo Governo Federal a título de combater a fome nas regiões mais pobres) se colocou a favor da reeleição do presidente Lula, apesar de todas as denúncias e evidências de roubo, corrupção e outros crimes de igual teor praticados debaixo de sua barba. O povo pobre do sertão, com a massa mais pobre das capitais nordestinas acreditou piamente que Luís Inácio Lula da Silva não sabia de nada. Que foi traído por ministros, assessores e colaboradores diretos que tinham acesso irrestrito ao seu gabinete de trabalho; eram companheiros de viagens e freqüentavam a churrascada em sua casa, o Palácio da Alvorada. Enquanto parcela da população mais esclarecida do Sul e Sudeste rejeitava Lula, os nordestinos o elegiam. Até mesmo o PT - Partido dos Trabalhadores, envolvido na maior série de escândalos jamais vista na História do Brasil, foi contemplado com os votos do povão, que não entendeu o que estava acontecendo e se fortaleceu.
Alguns analistas chegaram a dizer e a publicar que os pobres sabiam o que ocorria nos bastidores de Brasília e nas bocas dos caixas dos bancos, por onde escorriam rios de dinheiro para a compra de votos dos deputados (aliás, a bem dizer, uma prática nefasta de todos os presidentes que passaram pelo Palácio do Planalto, mas que nunca foi tão escancarado e incisivo como desta vez). Mas os pobres estavam, pela primeira vez, vendo pingar a parte deles, todo mês, sem precisar sequer pegar na enxada, na colher-de-pau, na caneta BIC de tinta azul, na pá, na trena, no ancinho; sem necessitar acordar cedo para enfrentar o sol causticante do Quijingue, Orós, Picos e Terra Caída, apenas para citar alguns dos mais de 700 municípios que ficam no Polígono da Seca.
Sabemos que o povo preferia que fossem criados empregos. Já que não tem emprego, que venha a grana de onde vier. Não que o povo, como disseram vários articulista de revistas, queira mesmo é fazer parte do butim. O povo não é besta, mas como brasileiro já tem uma tendência a querer se dar bem, como na Lei de Gerson (aquele que gostava de levar vantagem em tudo) ou dar um jeitinho, melhor votar em quem rouba, mas faz barulho e cara de honesto apesar dos flagrantes, como foi o caso da volta à política, como senador da República, do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Ele é aquele que sofreu impeachment por causa de corrupção e desvio de dinheiro do orçamento da União. O povo votou também no ex-ministro Palocci, que dentre outras acusações está a de ter quebrado o sigilo bancário de um caseiro, um homem do povo. Mas, quem disse que o povão é solidário com o povão? Parece coisa de torcida de futebol. Vejamos o exemplo: a torcida do Esporte Clube Vitória é forte. Mas, quem vai ao estádio presencia a briga entre facções. Cada uma querendo engolir a outra. O objetivo é apoiar o time. Mas, subliminarmente um grupo quer ter reconhecimento como força estimuladora em detrimento do outro. Voltando ao tema, outros políticos acusados de corrupção voltaram ao Congresso Nacional, a exemplo do Jader Barbalho, do Pará e Ibsen Pinheiro, do Rio Grande do Sul.
Política é um termo amplo que passa até pela atitude de se manter um relacionamento amoroso, a exemplo da política do fazer de conta que a mulher manda ou o inverso, somente para não se aborrecer ou acabar com o casamento. Quando um soldado abaixa a cabeça para o oficial, mesmo tendo razão, está aplicando uma política de respeito à hierarquia. O mesmo ocorre quando você na escola tem de engolir uma nota injusta naquela prova ou com o trabalhador que não levanta a voz para o chefe, neste caso sendo uma política de preservação do emprego.
Mas política pode significar também desde esperteza à ciência de governar. A tradição filosófica revela que são três os principais conceitos:
A – Doutrina da Moral e do Direito;
B – Teoria do Estado;
C – Ciência de governar.
No Brasil não existe uma filosofia por parte dos políticos, seja ele do PFL que ao longo dos tempos fez o papel de representante das oligarquias em detrimento das chamadas camadas populares; seja do PMDB que também agiu historicamente como clientelista, justamente por ter em suas hostes políticos oriundos da esquerda e da direita, ou mesmo do PSDB que se caracterizou como um partido das elites intelectualizadas com uma visão cruel de economia de mercado em detrimento da política social.
O que se viu nas últimas eleições foi uma nova postura para a velha política nefasta de rebanho.
Pelo menos desta vez o rebanho tem garantido sua ração.

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1 Comments:

At 12:15 PM, Anonymous Anônimo said...

Uta que pariu Joli! Tá bárbaro! Eu precisava ler isso!

 

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