segunda-feira, novembro 13, 2006


MEU PRIMEIRO POST

omente a velharia, como a Igreja Católica Apostólica e Romana não gostou de padre Pinto com maquiagem e fazendo a festa ficar renovada na Lapinha.
Um festejo decadente que serve apenas para uma parcela da juventude local ir tomar uma biritas nas barracas. Sequer esta gente liga, ou se lembra de dar o primeiro gole para o santo, pois até este ritual caiu em desuso na Bahia.
Achei padre Pinto um entusiasta. Um padre que quer renovação para o decrépito comportamento da Igreja. Sem querer fazer, mas fazendo um trocadilho, padre Pinto estava tão à vontade, tem tanto amor pelo que faz, que parecia na Festa dos Reis Magos um pinto no lixo.
Muito boa sua atuação, e dom Geraldo Magella diz que foi piração e mandou o homem para o psiquiatra, como ator.
Ele verdadeiramente entrou em transe quando incorporou Oxum – e olha que dançou direitinho e estava tão bonito que o orixá baixou. Quando fez a homenagem aos pajés, parecia até que tinha tomado Santo Daime ou cauim. Um primor. Desde que me conheço como gente que não vejo uma Lapinha tão animada e não venha você me dizer que o padre estava parecendo drag queen, pois isto é o menos relevante. Importante é ver que a Igreja Católica passa mesmo por uma crise sem precedentes. Tudo que é novo, cria polêmica ou atrai fiéis, ela rejeita. Suas lideranças parecem querer destruir de vez com a instituição.
Vejamos: padre Marcelo, aquele que vende milhares de discos recebeu reprimenda até do Vaticano. Queria calar o moço que cantava seus louvores a Deus. Dom Gilio, que buscou caminhos de integração para chamar a comunidade afro-descendente para suas hostes, foi jogado ao léu, mandado para os confins da Bahia – ele que veio do Rio Grande do Sul onde já era um problema por causa de suas idéias liberais, negro que é, e nem sei por onde anda.
Lembro de um caso de amor da comunidade por seu ministro. Nos anos 60 do século passado havia um padre na Igreja da Boa Viagem (acho que o nome dele era Hugo Rossi ou Rossini, algo assim) que era adorado pelos jovens e repudiado pelos mais velhos. Ele bebia, fumava, tomava banho de mar de calção, numa época em que padre não tirava o hábito nem pra ir a banheiro, jogava futebol, comia bem descaradamente e dizem as más línguas, ainda dava uma paquerada, pois ninguém é de ferro e até Jesus namorou e dizem alguns historiadores que casou e teve filhos. Pois não é que o padre foi mandado de volta para a Itália, de onde viera? Toda minha turma de coroinha, a partir daí, decidiu dar um basta. Fomos embora. Igreja nunca mais. Acabaram com nosso ídolo que sentava conosco depois da missa para um papo (falávamos de Deus, sim senhora) e um violão.
O que a Igreja gosta mesmo é dos poderosos. Sempre foi assim. Sempre uma simbiose com os coronéis, com os políticos, com quem oferecia benesses e boa mesa. Por ver na Igreja Católica um fausto portentoso, um falso falar macio e uma total sinergia com Deus é que o povão faz hoje da Igreja Evangélica um caminho e tome esta Igreja crescer, mesmo se sabendo que se trata também de mera exploração da fé.
O que a Igreja Católica (que um amigo filósofo trata de Igreja Caótica) gosta mesmo, é de um papa que manda os seus seguidores ao risco de pegar Aids e não respeita as diferenças sexuais tratando os homossexuais como cidadãos e fiéis de segunda classe. Ou gosta mesmo de bispos e arcebispos que passam esmalte incolor e fazem as cutículas e andam com seus clergimans impecáveis, como se fossem galãs de Hollywood, nas áreas onde o povo anda de chinelo e sapato furado. Ou que são retrógrados quando preferem ver seus acólitos penando pela morte ou sofrimento de parentes ao uso da terapia das células-tronco.
Este negócio de querer rotular as pessoas de enlouquecidos, quando atrapalham seus interesses, incomodam por suas posições políticas, comportamentais ou filosóficas é típico da Igreja Católica. Não vamos nem falar em Galileu. Vamos mais perto. Quando dom Avelar Brandão Vilela era vivo, ele teve um arranca-rabo com um jornalista da Tribuna da Bahia e enviou uma carta para o editor-chefe recomendando que internasse o rapaz, pois este deveria estar com esgotamento nervoso. O editor, que era o escritor João Ubaldo Ribeiro, escreveu um artigo que encerrava assim: “O senhor cuida do seu rebanho que cuido do meu!”.
Pois, quero padre Pinto.
Quero dom Gílio.
Quero padre Hugo.
Quero aquele padre que fez greve de fome contra a transposição do São Francisco e que esqueci o nome.
Quero frei Beto.
Quero Leonardo Boff.
Quero dom Jerônimo.
Quero Gregório de Mattos e Guerra.
Quero que Deus castigue os obscurantistas.


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2 Comments:

At 4:41 PM, Anonymous Anônimo said...

Estou testando o sistema de comentários. Teste você também.

 
At 2:37 PM, Blogger Denis said...

TOC... TOC... TOC ...TEM ALGUÉM AQUI ????

 

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