quarta-feira, outubro 24, 2007


BOLSA PARA JORNALISTAS



ornalistas especializados em direitos humanos podem concorrer a uma bolsa em Maine, no nordeste dos Estados Unidos. O último dia de inscrição é 15 de dezembro.A bolsa levará um jornalista internacional ao Instituto Oak da Colby College de setembro a dezembro de 2008. O bolsista deve pedir licença de seu trabalho para passar um semestre na Colby College. Além de conduzir pesquisa, o bolsista ensinará um curso em sua especialidade.
Os organizadores estão à procura de "um ativista em direitos humanos que trabalhe como jornalista fora dos Estados Unidos". Possíveis áreas de atividade podem incluir discriminação racial ou étnica, direitos trabalhistas e lutas por recursos, ou direitos ambientais, entre outros. Para mais informação, escreva para oakhr@colby.edu ou visite (em inglês)
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terça-feira, outubro 23, 2007


INVENÇÕES E INVENCIONICES BAIANAS

Bahia é a terra do já teve, já fez e já foi isso e aquilo. É uma velha possessão d´além mar, cheia de malucos e de inventores que parecem até personagens de piada de português. Desde seus primórdios que temos registro de geniais malucos.
Um cara chamado Sobreiro, decidiu, sabe-se lá se em 1700 ou 1800 fazer uma grande caravela, que na verdade viria a ser uma galeota tirada a besta, lá pelas bandas da Ribeira. Foi pau pra tudo que é lado, meses e meses de desenho de projeto; corta árvore, traz tronco do Recôncavo e tome dinheiro oriundo do cortiço de onde tirava o sustento da família, que situava-se atrás do Mercado do Ouro. Ele trabalhava praticamente sozinho, com a ajuda dos filhos. Um dia ele convida todo mundo para ir à Ribeira ver a nau. Estava ela lá, no meio da água calma da Beira-Mar, grande, linda, parada, distante. Era boca da noite. Todos foram embora e no dia seguinte uma multidão achegou-se para ver o grandioso trabalho de um inventor baiano, construtor, mestre-de-obras-navais. Chegam lá e nada. Nada de caravela.
O inventor garante que para não perder a maré e mostrar seu invento para os reis da Europa (um navio que não precisava de velas, nem remos e que era movido a manivelas - mostrava seus croquis), montara rápido uma tripulação de apenas meia dúzia de homens, capitaneados por seu filho mais velho e zarpara. Claro que metade acreditou. A outra metade garantiu que aquele teria sido o primeiro barco cenográfico da história do Brasil. Nem o barco nem o filho jamais apareceram de volta. Será que era mesmo movido a manivela ou era um truque?
O surgimento do cinema se deu no século XVIII, mas seu Arlindo Castro, notável morador da Boa Viagem, decidiu que o Brasil deveria mostrar a pujança da sua inteligência. Ele achava que era inadmissível se passar cinema naquela tela branca, uma coisa irreal, parecendo sonho, sem consistência, e que o cinema deveria ser reinventado. Botou os miolos para funcionar durante dias e dias e anunciou para todos que acabava de criar um novo formato de exibição de drama, que não implicava no uso da película. Convidou todo o bairro para uma sessão no Cine Roma. Domingo de manhã, todos os homens com seu chapéu coco, calça de linho e as mulheres com gorgurões. Abre-se a porta, a multidão entra e anuncia-se o filme. Entram atores e atrizes no palco e começam a fazer o “filme” mudo. Na verdade todos descobriram na hora que se tratava era mesmo de uma “peça” de teatro. Muda. Se seo Arlindo não corre, sumindo por dentro da Feira de Água de Meninos, acabava morto.
Mas, acho que a maior invenção já feita na Bahia, esta terra que faz de tudo e produz cada vez mais, foi a panela de pressão criada por dona Noquinha. Foi fácil demais. Pegou uma panela de barro, colocou o alimento para cozinhar, fechou com uma tampa bem pesada e amarrou. O vapor saia por um buraco. A panela tremeu na trempe, tremeu, tremeu e voou longe. Lá no quintal de Antonio Galego. Na verdade, anos depois, descobrimos que ela tinha inventado, bem antes do cientista von Brown, o princípio do foguete.
Terminamos comendo ovo frito.

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segunda-feira, outubro 22, 2007


MORTE EM ZONA DIAMANTÍFERA




25 pessoas foram abatidas a tiros, na localidade do Cuango, na Lunda Norte, uma das províncias de Angola, segundo foi denunciado à Rádio Eclesiástica de Luanda, por Teodoro Ramos, um homem que teve o filho morto.

Ele pede que as autoridades angolanas busquem os autores.

E acusa duas empresas (Alfa 5 e Teleservice) de estarem envolvidas. As vítimas estariam garimpando ilegalmente em áreas de exploração.


A presença de empresas privadas de segurança constituem uma ameaça para as populações da Lunda Norte, conforme as denúncias. Os relatos de eliminação de dezenas de pessoas, nas zonas de exploração de diamantes, são frequentes.

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sexta-feira, outubro 19, 2007


LULA USA CHARME E CONVENCE ANGOLANOS


Angola caiu na conversa charmosa e insinuante de Lula. Assinou papel e vai discutir a forma para produzir biocombustível. O presidente brasileiro que passou por aqui elogiando tudo e a todos, fez certinho o que sua chancelaria ordenara: disse que a estabilidade política é fator de equilíbrio no continente. Chegou a destacar o papel desempenhado pela Assembléia Nacional Angolana no processo de reconstrução nacional. Falou de amor e amizade. Ganhou todo mundo. Antes de insistir na necessidade da abertura de estudos para implementação da produção de biocombustíveis, anunciou que o Brasil vai garantir mais de 1 bilhão de dólares em linha de crédito para exportações angolanas, ainda este ano. E reforçou cooperação nos setores da Saúde e da Educação.

Mas, o gude-preso foi a assinatura de um memorando para a produção de bio-energia numa região extrema do país, a província (que no Brasil é relativo a um estado) de Malanje. Será constituída uma empresa de nome Biocom Ltda, entre a Odebrecht, a Damer a angolana Sonangol.

Um investimento da ordem de 200 milhões de dólares, que vai permitir, nos próximos cinco anos, a produção anual de 150 milhões de toneladas de açúcar, 50 milhões de toneladas de álcool e 140 megawats de energia elétrica.

Ou seja: Lula fisgou Angola pela guelra. E se picou.

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quinta-feira, outubro 18, 2007


LULA ESCREVE ARTIGO EM ANGOLA


O presidente Lula escreveu de próprio punho, garante, um artigo exclusivo para o Jornal de Angola. Foi publicado na edição de hoje.

Num Português casto, lídimo, vernacular, onde usa os verbos e as concordâncias de forma plena, garante que, com a ajuda do Brasil, Angola será em pouco tempo a vanguarda econômica, política e social da África.

Nesta sua visita ao país, Lula veio assinar convênios de cooperação econômica: e anuncia maior participação das maiores empresas brasileiras na economia e na cadeia produtiva local.

Mas, sua intenção revelada é ganhar mais um apoio para sua idéia dos biocombustíveis. O seu artigo demonstra isso, ao fazer uma análise até mesmo do percentual de terra, em relação ao território brasileiro, a ser utilizado para produção energética. Ele escreve que a produção de etanol ocupa hoje menos de dois por cento das nossas terras agriculturáveis.

E garantiu aos angolanos que ao mesmo tempo em que se aumenta a produção de cana, ampliamos a produção de alimentos e reduzimos a fome e o desflorestamento. O texto do presidente mereceu destaque na página três do jornal.

O presidente está em Angola, neste instante, reunido com empresários e autoridades, definindo o futuro da cooperação entre os dois países.

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quarta-feira, outubro 17, 2007


LULA TENTA SEDUZIR ANGOLA PARA BIOCOMBUSTÍVEIS

O presidente Lula chega hoje, no final da noite, a Angola.
Ele quer convencer os angolanos que se o país apoiar o Brasil naquilo que chama de "revolução dos biocombustíveis", só tem a ganhar. Vai proteger o ecosistema e sair da miséria. Numa entrevista exclusiva, via e-mail para o jornalista José Ribeiro, do Jornal de Angola, da qual participei com algumas perguntas, ele diz que
"a experiência brasileira deixa claro o potencial do etanol como resposta ao desafio de compatibilizar a proteção ambiental - pela redução na emissão de carbono - com a segurança energética, ao democratizar o acesso a fontes alternativas e sustentáveis de energia- Ademais, apresenta grande potencial de geração de empregos e rendimento, sobretudo em regiões rurais deprimidas".
O presidente Lula que esteve hoje na África do Sul, com o mesmo discurso, relativiza a experiência do Brasil, considerando que não é replicável de forma automática em todas as partes, por ser fundamental ter presente as condições locais de clima, de solo e de disponibilidade de água. Mas, acredita que Angola tem mesmo de se juntar aos seus esforços.

Ele rejeita as acusações de que os biocombustíveis promovem a degradação ambiental ou ameaçam a segurança alimentar do mundo. A respeito de denúncias de que a cana-de-açúcar estimularia o desmatamento de floresta nativa, diz:


"a verdade é que no Brasil a expansão dessa lavoura dá-se sobretudo em pastagens previamente degradadas, com a vantagem de que ajuda a recuperá-las.

Sendo assim não está a deslocar a produção de alimentos. A fome no mundo não decorre da falta de alimentos - os quais existem com sobras - mas da falta de renda".


Lula garante - e isso vai dizer amanhã às autoridades angolanas -, que no Brasil estamos a ampliar a produção de biocombustíveis ao mesmo tempo que cresce a oferta de alimentos, inclusive para a exportação. Sem falar que o ritmo de desflorestamento na Amazônia, conforme sua planilha, caiu em mais de 50% nos últimos três anos.


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domingo, outubro 14, 2007


FEDERAIS: NAVALHA NA CARNE


situação na Polícia Federal, na Bahia, para os agentes que se envolveram no escândalo da "Operação Navalha", não vai nada bem. Uma comissão de investigação e inquérito, oriunda de Brasília, está em Salvador levantando minúcias da situação de cada um, e pelo que vazou, haverá corte na própria carne. O resultado vai sair ainda este mês.


Para lembrar: a "Operação Navalha" foi deflagrada com o objetivo, segundo a Polícia Federal, de desmontar uma quadrilha que fraudava licitações de obras públicas. As investigações começaram em novembro do ano passado em nove estados (Alagoas, Bahia, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão, Goiás, Mato Grosso e São Paulo) e no Distrito Federal.


A Justiça Federal expediu 48 mandados de prisão. Foram presas 46 pessoas, entre empresários, prefeitos, um deputado distrital, um ex-governador e um ex-deputado federal.


Os presos são acusados de fraude de licitações, corrupção, tráfico de influência, superfaturamento de obras e desvio de dinheiro.

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sexta-feira, outubro 12, 2007


MARKETING ESCROTO DE EXPLORAÇÃO



ma grande empresa de incorporação imobiliária do país, com sede em São Paulo e ramificações no Rio de Janeiro e outras capitais, pode ser chamada de tudo, menos de hipócrita.
Ela tem o marketing mais escroto do planeta, usado para vender os seus imóveis. É uma total falta de respeito para com os países onde os imigrantes estão trabalhando. Basta saber que na sua última campanha publicitária, que vai ao ar no intervalo comercial da Globo Internacional, que passa no Japão, Estados Unidos, Angola, Argentina e Paris, principalmente, a MBV diz em alto e bom som que é bom ganhar dinheiro nestes países, mas o melhor é pegar o dinheiro do país onde se está trabalhando para investir no Brasil, pois se é bom trabalhar nestes locais, melhor é se mandar e aplicar a grana em imóveis aqui.
Ou seja, ela diz: ganhe a grana e se pique. Tudo isso sem o menor pudor.
Depois não querem que os estrangeiros tenham uma imagem ruim do brasileiro.
Parece que são todos sanguessugas.

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quinta-feira, outubro 11, 2007


PORRADA ENTRE PF E INFRAERO



omingo passado uma cena chamou a atenção de todos que estavam para embarcar em vôo internacional para a África no Aeroporto Internacional do Galeão. Na hora de passar no Raio X um homem foi obrigado por um fiscal da Infraero a colocar num contentor a garrafa de Ypioca que estava levando. Não ia receber mais, foi-lhe dito, pois era proibido carregar bebida na mala. Ocorre que o homem era um velho policial, gringo lá das europas, das estranjas, mas sabia dos seus direitos e estranhou. Procurou os agentes da Polícia Federal que disseram ao fiscal-chefe da Infra que estava errado e começou um bate-boca de arrepiar beco da Massaranduba.
No final os federais mostraram ao fiscal que o passageiro tinha direito de voltar e embarcar no balcão da companhia aérea, com o produto frágil, sua birita.
Foi o que o estranja fez.
O segurança da Infraero ficou passado e se queixando. Ele vestia um colete onde se dizia em várias línguas: "Posso te ajudar".

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quarta-feira, outubro 10, 2007


MOSTRA... MOSTRA... MOSTRA ...



Sem ariranha à mostra,
só preto no branco,
Ivete Sangalo está nas páginas da revista Joyce.
Segunda feira no Brasil.
(Ela tá se acabando de rir de mim. Deixa estar)





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A ARIRANHA DE IVETINHA

Também quero.
E quem não quer?
O Brasil todo quer ver a ariranha de Ivete Sangalo. Quem já viu diz que é coisa graúda, taluda, fofa e é - raridade - bonita de se ver.
Para mim bastava dar uma olhadinha nas páginas da Playboy e daí correr para a galera. Seria bom ela mostrar logo, para acabar com esta agonia que fica na gente quando ela expõe aqueles pernões que chega a dar medo de tão maciços. Interessante é que eu, por não gostar muito de Axé Music (expressão criada por total felicidade, pelo sarcástico jornalista baiano Hagamenon Brito) terminei por incluir Ivete Sangalo como desafeto, assim mesmo, de graça, sem motivo, dentro daquele conceito de que "quem anda com porcos, farelo come" ou
"diga-me com quem andas...".
Mas, mais interessante ainda, é que, por causa de duras críticas que certa vez li a respeito da estrela baiana, na imprensa baiana, decidi ir fundo para ver o que ela pensava a respeito de um bocado de coisas e descobri uma Ivete irreverente, inteligente (pois é preciso ter neurônios para inventar piadas rápidas ou sair de uma saia justa e isso ela faz muito bem) e cheia de opiniões cruéis e debochadas a respeito de tudo ou quase tudo, inclusive com autocrítica e críticas coerentes a respeito de estrelismo, sexo, carreira e fugacidate.

Deixando de lado este papo careta, quero dizer mesmo que Quero ver a Ariranha de Ivete. Vou comprar três exemplares: um para o quarto, um para andar na pasta e outro para o banheiro.
Vá lá que as páginas fiquem coladas...

foto: Nana Moraes



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terça-feira, outubro 09, 2007


FALANDO NA LATA

udo o que falta na imprensa escrita baiana ou não, aquela avaliação tirana, uma nesga de ironia sobre os fatos, uma crítica tipo mão-boba sobre as notícias dos outros, uma avaliação inesperada ou um ponto obscuro nem que seja sobre gastronomia ou horóscopo, tudo está num blog que tem tudo para se firmar como a melhor, grande, incomparável, imensurável (outro dia vim aprender com minha filhinha o que é adjunto adnominal e fiquei me achando), e que é feito por não um, ou dois, ou três, ou meia dúzia, mas por um bando, um grupo, uma trupe de Tuaregs, ciganos, bandas-voou, acadêmicos, ensaístas, articulistas, escrotos, geniais e lúcidos jornalistas que atacam como seleção argentina e defendem como time de Scolari.
Sem nenhuma publicidade ou chamariz, já são quase 200 (será que estou exagerando ou já passou este número?) visitas diárias.
Verifique no seguinte endereço: FALANDO NA LATA
Outra coisa: o blog está aberto a todo e qualquer jornalista sindicalizado que queira colaborar.
Ô Mário Kertész.
Ô Zé Eduardo.
Ô Varela.
Ô Emmerson.
Meus caríssimos amigos,
Lembrem de falar do nosso blog.

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O COVEIRO E O LEÔNICO

embro, ainda bem garotinho, quando não sabia ao certo se eu era torcedor do Ypiranga, que meu avô morreu amando e meu tio tinha até um protetor de selim de bicicleta com o escudo em amarelo e preto, do Bahia ou do Galicia, que o Leônico era chamado, pela imprensa, de sucursal do Bahia. Todo mundo "sabia" que o Leônico não tinha time. Servia apenas para duas coisas: ser laboratório de teste de neojogadores do tricolor e entregar o campeonato para a torcida do Bahia.
Para isso era tido e havido, que recebia uma bonificação.
O time nem torcida tinha. O Ypiranga, taí no chove-não-molha, o que dói no coração; e o Galicia corre atrás de voltar a ser o santo forte lá de Compostela, aqui pelos nossos gramados. Aí vem o Leônico, de triste memória, contrata um coveiro para enterrar o Galícia. O Guanambi precisava dar de dez , e não é que conseguiu. Milagre igual só no Mundial da Argentina, quando o Peru, que é uma espécie de Leônico, conseguiu tomar de seis dos argentinos, deixando o Brasil igual ao Galícia: morto e enterrado. Pelo que dizem, os jogadores ganharam uns níqueis e o coveiro que era o goleiro, uma pá novinha.
Vá enterrar a mãe, seu saquê!

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AS MENINAS DO VIEIRA

arece que foi ontem, mas era o longínquo ano de 1962, em que o pai de Maria das Graças, Gracinha, uma amiguinha minha, lá das bandas de Itapagipe, onde nasci e me criei, chegou com todo gás e cheio de raiva chutando as traves feitas de bambu. Olha que deu um trabalho danado subir as dunas de areia branca escaldantes ao meio-dia, coisa de dar bolhas nos pés; enfrentar as aranhas, piolho-de-cobra, lagarta de fogo, lagarta pintada e os saguis, cada um mais brabo do que outro e ainda tinha o galo doca de um olho, polaco, com o pescoço bem pelado e vermelhão que teimava em bicar quem se aproximava do ninho que ele construíra com a galinha rajada. Isso bem no lugar onde estavam os caules mais fáceis de cortar com canivete cego. Nesta época garoto nenhum pegava faca na cozinha sem levar uns tabefes ou uns bons puxões de orelha.
O pai de Gracinha, seu Armando, odiava quando encontrava a filha jogando futebol com os garotos. Ele dizia que o baba era coisa para homem e que ela estava agindo errado e tome-lhe beliscão e manda ver no safanão. Mas ela não desistia e bastava chegar o dia seguinte e a gente montar o campinho, lá perto da carvoaria, junto do açude ou na praia, à beira-mar, que ela se metia no meio e não havia quem a fizesse desistir de participar conosco da boa pelada.
Para nós era uma alegria ter Gracinha ali no meio, jogando bola, por três motivos: o primeiro era que ela jogava futebol melhor que a maioria dos meninos e todo mundo a queria ao lado.
O segundo motivo era que Gracinha era linda de morrer com aquele cabelo loiro encaracolado, uns olhos azuis inesquecíveis e um sorriso que iluminava todo o bairro, cada vez que abria sua gargalhada, com mais lúmens que as lâmpadas da Companhia de Energia Elétrica da Bahia ou da Light.
Por último, um bom motivo era o fato dela, quando ganhava uma partida, ajudava todo o time todos estudavam na mesma escola, no Colégio Luiz Tarquínio, na Boa Viagem a fazer o dever de casa ou trabalho de equipe, pois era a única que estudava de verdade e era inteligente a danar.
Seu Armando nunca se conformou em ver Gracinha jogando com a gente e até hoje quando vejo alguém vendendo cinto ou passo numa loja e vejo aqueles cinturões grossos lembro dele chegando por volta das cinco horas da tarde, com saco de pão embaixo do braço e já tirando o cinto e a gente gritando " corre Gracinha" e todo mundo correndo, chutando a bola para longe para pegar depois, pegando os livros no chão e tentando salvar pelo menos uma trave de bambu. O homem não era fácil e naquele tempo vizinho mais velho tinha mesmo direito de dar uma surra no filho do outro que estivesse fazendo qualquer coisa errada. E a família ainda agradecia pela preocupação e pela punição.
Gracinha cresceu, virou aeromoça, hoje tem uma empresa de turismo, adora futebol, é louca pelo Flamengo e fica triste ao ver a que ponto o Esporte Clube Bahia chegou em termos de decadência.

Hoje vejo a filha de Gracinha jogando bola, disputando as Olimpíadas do Vieira e ganhando medalha de campeã no Futsal. Ao lado dela estão outras meninotas graciosas, vivazes, dando dribles, cambalhotas, fazendo ponte, dando passes certeiros, chutando com incrível pontaria, vibrando e comemorando a cada gol, cada firula de deixar Romário, Zico, Ronaldinhos e quem sabe o Rei Pelé de queixos caídos.
Vejo os pais - mãe não vale porque mãe já aceitava tudo desde tempos idos - torcendo: alguns até só faltando entrar em campo para ajudar no lançamento (claro que alguns exageram nas cobranças quando a filha não está jogando bem, mas que jeito, sempre haverá um pai sem equilíbrio emocional em qualquer esporte ou pela vida afora) e outros que choram de emoção quando a filha ganha ou chora lamentando que a filhotinha, seu bebezinho do coração não conseguiu ganhar, abraçam e dizem:
- Quem sabe na próxima, filhinha!
O certo é, que graças a meninas como minha amiga de infância, as garotinhas do Vieirinha e de outras escolas podem jogar seu baba, disputar suas olimpíadas ou os intercolegiais sem precisar ficar com um olho na bola e outro na esquina esperando ver a tempo o cinturão do pai. Aliás, seu Armando foi vencido e hoje, em sua velhice contemplativa, diz sem nenhuma convicção e com afável brilho nos olhos que: "se as garotinhas do Futsal do Vieira fossem suas filhas, iriam ver". Na verdade, ver nada, pois com o tempo ele mesmo viu, escondido, Gracinha jogar no time do colegial do Ginásio João Florêncio Gomes, na Ribeira.
E ficava orgulhoso dos tantos gols que ela fazia. Mas aí ela já estava com 16 anos e noiva de Mário Contreiras, que tinha o maior ciúme da galera do baba.
As gatinhas do Vieirinha, por falar nisso, jogam bonito.
E conheço de perto uma delas, que disse, vai ser jogadora de futebol e ganhar mais que Ronaldinho Gaúcho, lá na Europa, onde, descobriu, futebol feminino é valorizado. Acho que vou pegar o cinturão, pois não a quero longe de mim. Mas é tão lindo vê-la jogando.
Acho que até seu Armando iria gostar.


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ENFRENTANDO O DRAGÃO

ocê vai pensar que eu escrevi as coisas que colocarei abaixo, mesmo que eu diga que recebi por e-mail.

Você não vai acreditar em mim, pois sou mentiroso, enrolão, daquele tipo que promete 
casamento e some no dia do casório. Acredite, eu já passei pelas situações que revelarei e 
quase todos os homens já passaram. Volto a dizer, o tema desta crónica veio de forma apócrifa para mim e não
tenho nenhuma responsabilidade. Lá vai. O texto começa assim, com alguém falando na primeira pessoa. 
 
Não sei se coloco aspas ou não e vai sem aspas mesmo:
Sinceridade: não sou do tipo que chama atenção pelo  porte físico ou coisa parecida. 
Já passei dos quarenta, meus cabelos me abandonaram há uns sete ou oito verões e minha protuberante barriga 
denotam o grande sucesso que tive na arte de comer e beber. 
Minhas rugas procedem da total falta de credibilidade em protetor solar 
(esse troço não é coisa de homem sério!) aliada a centenas de noites que fiquei se dormir 
na expectativa de não ir para casa sozinho. Bom. Esse sou eu. 
Ainda bem que para caras como eu existem os desmanches.
O que é um desmanche? Sinceridade: na mesma proporção de caras como eu, existem mulheres 
com características semelhantes. Se não são carecas, tem cabelos mal cuidados, se a barriga 
não é tão grande quanto a  minha, tem lá aquela coisa instalada ali na frente. 
Ruga então? 
Não quero falar disso. Voltando ao assunto, um desmanche é um local onde se tem música, 
bebida, um globo vagabundo rodando no teto, banheiro mal cuidado, etc. 
O local tem que ser escuro porque, sinceridade: Com muita luz acho que ninguém
 "pegaria" ninguém.
Coloquei minha roupa de passeio, quinzão no bolso (cinco para entrar e o resto para beber e 
comer um cachorro quente na hora de ir embora) e fui para a caçada.
Dancei forró, pagode, lenta com umas dez  mulheres diferentes. 
Já passava das quatro da madruga, eu já num prego do cacete,
achando que ia ter de acabar mais uma noite sozinho, deparei-me com uma gata.
Não fui agraciado com beleza mas...papo... bom. Papo eu tenho. Aproximei -me. 
Era um loira com uma calça preta com listas amarelas (estas calças de ir em academia) 
uma bota que imitava coro de cobra, um salto bem alto, o cano da bota ia até os joelhos 
o que dificultava um pouco os movimentos da "mocinha". Sua blusa era toda cheia de umas 
coisas brilhantes .  Não sei se é moda, mas, tudo bem, eu não tava procurando ninguém 
para ser modelo  e sim tirar o meu atraso. 
Cinco minutos de conversa e já aceitou ir até minha casa. 
Fomos caminhando até meu apartamento. 
Quando passávamos por luzes fortes podia ver com mais clareza seu rosto. 
Se você tem menos de dezesseis anos e/ou estômago fraco aconselho interromper a leitura
a partir deste momento pois daqui para frente a coisa começa a ficar  quente. 
Tinha mais rugas que meu saco, já não sabia se era loira ou morena. 
Quero dizer era morena pois o cabelo estava do ombro para baixo loiro e para cima moreno. 
Segundo ela, a próxima grana que ganhar de diarista vai dar um jeito no cabelo. 
Sinceridade: A dona era até gostosa mas feia pras..
Eu não queria ela para bater foto. 
Abri a porta do meu apartamento e já fui beijando e socando a mão em tudo quanto é lugar, aí, 
como toda mulher faz, começou 
- Para com isso! Que é que vocë tá pensando!? 
Tudo bem. Todos nós passamos por isso, até as feias tem direito àquelas frescuras do início. 
Dei mais um beijão e já coloquei a mão no bolso e peguei umas balas pra ela. 
Termina o lenga-lenga e Marta, nome fictício, deixa tirar sua blusa. 
Obstáculo: estas cintas que apertam o corpo para tampar um pouco a gordura. Tirei aquele troço... 
Meu Deus!! Sinceridade: O cheiro que saiu dali de baixo, se minha tara... Começamos então a fase final. 
Ela tirou as botas. Preciso comentar? Se tivesse lugar, poderia jurar que ela escondeu um gato morto 
em cada pé. Ela nua e fiquei contando quantas bolas de celulite ela tinha lá.  
Despachei mesmno assim e  veio aquela parte conhecida pelos homens como o cúmulo da eternidade, 
os minutos até você levar a mulher embora. 
Já nos preparativos finais para ir embora disse que estava com fome. 
Meus quinzão já tinham ido para o espaço (As balas não foram de graça!!). 
Perguntou se não podia pedir uma pizza ou comer um cachorro quente.
Para não ficar feio para minha cara, ofereci-lhe para fazer algo para comermos.
- Nossa que romântico!!!  
Pronto! Só faltava a baranga achar que gostei dela!!! Fucei os armários e achei um Miojo. 
Fiz a gororoba. Tinha uns dois ou  três tomates que só parti em quatro e coloquei junto para tirar aquele ar 
de anemia do prato. Sentamos e comemos. Comi pouco, a Marta acho que fazia uma semana que não comia. 
Ela comeu e começou a passar mal. Ficou com dor de barriga. Nunca uma mulher tinha ido 
ao banheiro perto de mim. Tive que ouvir a sinfonia do começo ao fim. Não tinha água. Eu sabia 
que o cheiro que eu estava sentindo era do banheiro mas, eu tinha a sensação de que vinha
da sua boca. Dei-lhe minhas últimas balas. 
Aquelas mãos passando em meu rosto como quem quer fazer um carinho, não sei quanto tempo 
poderia aguentar. 
Começou a fazer um streap. 
A sala estava meio escura e ela, achando que estava realmente me agradando com aquelas 
incontáveis bolas de celulite, acendeu a luz. 
Quando tudo ficou mais claro olhei e pensei: a gorda tem  um monte de espinha nas nádegas. 
Na verdade para meu espanto ou alívio (já não sabia mais o que pensar) não eram espinhas.
Eram algumas sementes do tomate que coloquei na macarronada. 
Sete horas da manhã a Marta pegou o ônibus e foi embora. 
Não quero mais tocar no assunto. 
 
Assim termina o e-mail que recebi.

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APELO



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