terça-feira, janeiro 30, 2007


A INACREDITÁVEL VINGANÇA DE DONA MARIA

uita gente veio me perguntar como ficou o resto da história que contei anteriormente. Lembra que dona Maria Aparecida, conhecida como Maria de João, uma senhora de mais de 60 anos de idade e que arrumou um motoqueiro sarado; barriga de tanquinho; e deu para usar roupa cocote e fio dental? Lembra que seu erro não foi se mandar de casa, e, sim, agradecer ao Senhor do Bonfim por ter largado o traste do marido e que este, tendo descoberto a mensagem na Sala de Ex-votos da Igreja encheu dona Maria de porrada? Pois é, fui investigar o que aconteceu depois que seo João Metódio foi liberado da cadeia, fofoqueiro que sou mesmo, e descobri que a situação está surrealista.A velhota decidiu largar o motoqueiro, porque ele se picou quando a viu levando sopapos do ex-marido: “Onde já se viu um homão daqueles deixar mulher apanhar”, desabafa sentida, pois o cara era bom daquilo e daquilo outro. E ela gostou muito. Curados os arranhões e hematomas ela foi ao banco, onde tem conta conjunta com o ex-marido e sacou todo o dinheiro da poupança e da aposentadoria do velho, que por causa da cegueira promovida pelo ódio, não foi previdente. Este, enlouquecido foi atrás dela e os amigos disseram que a viram na festa da Segunda-feira Gorda da Ribeira, que acontece dias depois da Lavagem do Bonfim, ocasião em que ela foi punida. Seo João mais irado do que nunca levou um cinturão grosso para dar outra surra na safada.Não foi difícil achá-la. A Festa da Ribeira que nos anos 50, 60 e 70 do século passado era pequena para tante gente, tanta capoeira, tanto samba-de-roda, tantas barracas e tantos trios-elétricos, hoje é frequentada por alguns gatos pingados, uns vagabundos - dizem os moradores, que nada têm a fazer. Antigamente não. Dizem alguns historiadores que já no século XVII os pescadores e os argonautas, que usavam a calma baía para fazer reparos nas naus, já faziam uma festa no local. Mas, o que se sabe mesmo é que foram os barraqueiros, que saiam no domingo da Festa do Bonfim, e enquanto esperavam a Festa de Iemanjá chegar, montavam suas barracas no Largo da Ribeira e o povo comparecia. A festa vista como uma prévia do Carnaval.Seo João, quando se aproximou da barraca onde a ex-mulher estava levou um susto. Com ela estava o delegado que o tinha prendido durante alguns dias, depois da surra e que estava fazendo o inquérito para o Ministério Público. O jeito foi relaxar e ir de mansinho. O delegado se aproximou, de braços dados com dona Maria e disse estar sabendo de tudo. Sem muita conversa pegou seo João pelo cangote e disse que ou ele aceitava dona Maria de volta ou sua vida estaria complicada, pois além de ser indiciado pelo espancamento, largamente comprovada por testemunhas e pelo Exame de Corpo de Delito do Instituto Médico Legal, ainda seria sempre perseguido por ele, que de vez em quando ia mandar uns meganhas darem um cacete, que era para aprender a não bater em mulher.O homem não teve muito que pensar. Viu que a desgraçada da velha com o cabelo pintado e com chapinha, com aquela calça de cós baixo e toda ajeitada, tinha o delegado na mão. Além do mais ela tinha retirado do banco todas as suas economias e se fosse para a Justiça ainda iria ter de da metade dos seus bens e uma pensão alimentícia. Ele viu que passaria dificuldade. Daí aceitou dona Maria de volta (explicando tudo aos vizinhos e justificando que o único problema de levar corno eram os comentários). E, já que ela tinha mesmo de ficar, ele decidiu aproveitar a belezura e gostosura que ela estava agora, toda moderninha, e tirar sua lasquinha.Chato é que de vez em quando uma viatura da Polícia Civil aparece em sua porta, sempre no plantão do delegado Vasco Moreira e leva sua mulher que só volta tarde. Ele fica a imaginar o que o diabo da mulher fica fazendo com o delegado.

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CULTURA

Vixe Maria! Deus e o Diabo na Bahia ...
À maneira da comédia musical brasileira, o popular teatro de revista, e com pitadas trash e do teatro de cordel, Vixe Maria! conta a aventura das investidas bizarras do Diabo para fundar sua igreja na Bahia, no períododo Carnaval.
Insuflado por sua noiva Naja (cobra antropomorfa venenosíssima), ele sobe das profundezas infernais, para arrebanhar fiéis na terra de todos os santos e demônios, justamente quando eles pululam à solta nas tradicionais festas de largo. Mas a temporada do Chifrudo em terras baianas não será nada fácil, porque Deus estará vigilante e atuante, ainda que muito empolgado com os festejos. Os protagonistas titulares Frank Menezes (Diabo) e Jackyson Costa (Deus) estão de volta à cena nessa nova temporada no TCA.
Na verdade Jackson divide o papel com Daniel Becker: o primeiro interpreta Deus nos dias 3 e 4 (sábado e domingo) e o segundo nos dias 1º e 2 (sexta e sábado).
Escrita por GilVicente Tavares, Cláudio Simões e Cacilda Póvoas, a partir de livre adaptação do conto “A Igreja do Diabo”, de Machado de Assis, a peça conta ainda com participação de Alan Miranda, Cristiane Mendonça, José Carlos Junior, Aless Borges, Sue Ribeiro, Paulo Borges, Edvana Carvalho eVirgílio Fadurr. A direção é de Fernando Guerreiro. O espetáculo entra no terceiro ano em cartaz.
Horário: 20 horas
Ingresso (inteira): R$ 20,00
Duração: 1h50
Liberado para maiores de 14 anos
SALA DO CORO Dias 2, 3, 4, 9, 10 e 11 (Sexta a Domingo)
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“Mestre Haroldo... e os Meninos”
A 12ª montagem do Núcleo de Teatro do TCA, em segunda temporada, traz o arrebatador texto do sul-africano Athol Fugard, que revela, com muita sutileza, a anatomia do ódio racial. Sob a direção de Ewald Hackler, Gideon Rosa, José Carlos Negão e Igor Epifânio dão vida a um complexo mecanismo psicológico que leva um jovem branco a humilhar seu amigo negro. Isso, a despeito de se tratar de alguém a quem ele ama mais do que o próprio pai, alcoólatra e doente.
A cena se passa num dia de chuva de1950, numa lanchonete da África do Sul, onde o jovem humilha o amigo e o obriga a se dirigir a ele de acordo com o costume racista. A estréia mundial de Mestre Harold aconteceu em 1984, no Yale Theatre, New Haven.
A tradução para o português é de Antônio Mercado.
O espetáculo foi indicado para duas categorias doPrêmio Braskem de Teatro: Melhor Espetáculo Adulto e Melhor Ator.
Horário: 20 horas
Ingresso (inteira): R$16,00
Duração: 1h50
Liberado para maiores de 13 anos
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CONCHA ACÚSTICA
Dia 3 (Sábado) MÚSICA: Alceu Valença - “Marco Zero Ao Vivo” - Projeto MPB Petrobras –Show de abertura de Peu Meurray e os Pneumáticos O Projeto MPB Petrobras traz para Salvador o cantor pernambucano AlceuValeu. O show de abertura fica por conta de Peu Meurray e os Pneumáticos. Alceu Valença mostra em Salvador as canções do recém lançado CD e DVD “Marco Zero Ao Vivo”, gravado em agosto do ano passado, em um bairro do Recife antigo. O show, especialmente concebido para marcar o centenário do frevo (a ser comemorado em fevereiro próximo), foiprestigiado por estimados 140 mil foliões e transformado em uma grande festa popular. O percussionista baiano Peu Meurray e os Pneumáticos apresentam o show “Gente Boa se Atrai” , mesmo nome do CD que será lançado ainda este semestre, com repertório autoral e uma performance pneumática.
Horário: 18h30
Ingresso (inteira): R$ 14,00
Duração: 2h30
Liberado para maiores de 14 anos _______________________________________________________________________ Dia 10 (Sábado)
MÚSICA: Homenagem a Mãe Menininha – Com Maria Bethânia, Gal Costa, CaetanoVeloso, Daniela Mercury, Gerônimo, Márcia Short e Mariene de Castro
Se estivesse viva, a terceira ialorixá da linha sucessória do terreiro doGantois, Maria Escolástica da Conceição Nazareth, mais conhecida como Mãe Menininha do Gantois, completaria, no dia 10 de fevereiro deste ano, 113 anos de nascimento. Em homenagem à data, os filhos da casa preparam palestras, lançamento de livro, selo personalizado, carimbo comemorativo e ainda um super show na Concha Acústica do TCA, reunindo Maria Bethânia, GalCosta, Caetano Veloso, Daniela Mercury, Gerônimo, Márcia Short e Marienede Castro, sete filhos da Casa. Neste ano também um ciclo de cerimônias pós-morte será encerrado na religião, quando em 13 de agosto a mãe de santo completará 21 anos de falecimento, data de muito significado para os filhos e filhas do terreiro. Toda a renda arrecadada com a venda dos ingressos será destinada para as obras sociais do Gantois, realizada pela Associação de São Jorge Ebé Oxóssi.
Horário: 18h
Ingresso (inteira): R$ 50,00
Duração: 2h30
Liberado para maiores de 14 anos

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sábado, janeiro 20, 2007


O EX-VOTO DE DONA MARIA DE JOÃO

omente ontem, oito dias depois da festa da Lavagem do Bonfim, João Metódio conseguiu Habeas Corpus para sair da delegacia de polícia, que fica lá pelas bandas da Península Itapagipana, não antes de levar meia dúzia de bolo de palmatória e uns chutes nas partes baixas. Qual foi o seu crime? Resposta: deu umas porradas bem dadas em sua ex-mulher Maria Aparecida, que todos na rua Direta do Uruguai conhecem há mais de 40 anos como dona Maria de João.
Mas, pergunta você, qual o motivo dele ter enchido de sopapos o cangote dela? A partir daqui vou contar a história como me contaram, que nem em Salvador eu estava no dia da lavagem, e se eu estiver exagerando é por ter ouvido de uma pessoa, que ouviu de outra e que já tinha ouvido de outras e mais outras e todo mundo sabe que baiano não inventa, mas aumenta. E a baianada ainda bota uma cor, uma luz, um brilho que é para a história ficar interessante.
Pois, depois de 40 anos de casada dona Maria de João começou a ter atitudes estranhas para sua idade, que lá se vão mais de 60 anos. Um dia chegou em casa com cabelo afro, todo trançado. João levou um susto, mas não disse nada e nada perguntou. Passados dois meses ela chega com calça do tipo cós baixo, que a galera chama de Gang, mostrando as banhas abaixo do umbigo e outro susto, mas João quedou-se quieto. Passada uma duas semanas ela chega com uma tatuagem de estrelas no pé do pescoço e João, funcionário de cartório, sacramentado e juramentado que é, arregalou os olhos e disfarçou. Mas, o bicho pegou mesmo foi quando ela chegou na garupa de uma moto de 500 cilindradas, a bunda empinada num biquíni fio dental que parou a respiração dos moradores da rua da Imperatriz, na Boa Viagem. Ele pegou todas as tralhas dela e jogou no meio da rua. Foi um escândalo tão grande que nem os sete filhos dos dois se meteram na fuzarca para não levarem também seu quinhão de porrada.
Mas, não é que ela aproveitou a carona, pegou o suficiente e se mandou com o motoqueiro! Pois, a história prossegue semanas depois, quando após a Lavagem do Bonfim, na quinta-feira passada, João que de tão fervoroso admirador do Senhor do Bonfim acompanha o novenário; segue o cortejo que sai da Igreja da Conceição e vai ate o adro do Bonfim, andando oito quilômetros sob sol ou trovoada e ainda faz questão de tomar banho de água de flou ou de cheiro e entrar na igreja para fazer suas orações. Lógico que ele também não deixa de fazer umas oferendas para seu pai Oxalá, que é Senhor do Bonfim no Candomblé.
Somente para mostrar o perfil do homem, basta ver que ele sabe toda a história da festa em louvor ao Senhor do Bonfim. Numa conversinha rápida ele revela que as homenagens ao santo, que faz questão de observar é o mesmo Jesus Cristo, teve origem em 1669, na cidade portuguesa de Setúbal e de imediato chegou a Salvador, onde foi trazida uma cruz de Jesus crucificado, imagem igual à dos portugueses. A igreja foi construída em 1745 e começou o culto, com data móvel. As missas, a novena e a queima de fogos caracterizaram a festa ao longo dos séculos. Os negros vindos da África, que não tinham liberdade de culto, acharam a saída de classificar o Senhor do Bonfim, como Oxalá, por ser uma forma de “ludibriar” as autoridades e ao mesmo temo prestar homenagem tanto ao deus afro como à entidade Católica. Alguns historiadores dizem que a festa teve origem com os escravos que levavam água para lavar as escadarias para os brancos senhores irem á missa. O primeiro ano da festa da lavagem, oficialmente, é dado como 1804.
Segundo João aprendeu com os antigos e os historiadores, até a década de 50 os negros tinham acesso ao interior da igreja. A partir dos anos 50 do século passado foram proibidos pelas autoridades eclesiásticas. A alternativa foi as baianas caracterizadas com seus touços, saias rendadas, balangandãs e colares irem até o adro da igreja e lavá-lo, bem como as escadarias, como prova de devoção. A partir de então a festa foi tomando também um perfil profano e virou uma manifestação com a presença de gente de todo o mundo. Tinha trio-elétrico, blocos, afoxé, reisado e barracas que vendiam comida e bebida. O ponto alto era o banho da água que as baianas carregam em potes e ânforas, na cabeça. Quem se banha na água de alevante recebe as graças de Oxalá, diz seo João, que completa a informação:.
- Em 1998 autoridades da prefeitura junto com a Arquidiocese de Salvador proibiram a presença deles, na tentativa de defender o lado religioso, o que foi bom, pois sempre tinha muita morte e gente ferida no final do dia – observa.
Voltando ao tema do cachação que dona Maria de João levou na nuca, o certo é que quando seu João acabou de fazer suas orações no banco da igreja, onde somente ele e mais uns privilegiados da Congregação têm acesso no dia da festa, parece que puxado por uma força estranha, decidiu adentrar a Sala dos Ex-Votos, uma espécie de museu, onde as pessoas que conseguiram alcançar alguma graça deixam seus depoimentos em frases, retratos, pinturas, membros do corpo moldado em cera e até mensagens gravadas em CDs ou disquete (coisas da modernidade). Seo João entrou na sala e foi olhando, olhando, olhando até que viu uma foto sua com dona Maria. Foto dividida em dois pedaços. Depois do pasmo teve a curiosidade de olhar atrás do papel no tamanho 15 por 21 centímetros e viu uma outra foto colada, com sua ex-mulher agarrada, quase colada, ao motoqueiro, sorrindo á larga; e ao lado escrito em letras de forma: “Obrigado, Senhor do Bonfim, por ter me dado forças para largar meu ex-marido, com suas dores na coluna, ronco, meleca escorrendo pelo nariz, cera saindo pelos ouvidos, chulé, erisipela, suores noturnos, mau-hálito, dentadura que não pára na boca, mão de pilão, sovina, cheio de caspa e seborréia, unhas encravadas, tosse crônica, espinhela caída, gota, bafo de cachaça e olho de seca pimenteira; que só usa uma cueca só para todas as ocasiões e ainda é brocha. E agradeço também de todo o coração pelo meu namorado sarado, malhado, descarado, sem-vergonha, gostoso e miseravão. Dai-me forças para agüentar o tranco”. Com todo fervor, Maria Aparecida.
Seo João não estava nem aí por ter expulsado a mulher de casa, mas achou um desaforo ela contar suas coisas íntimas e ainda, sabendo, que ela estava gastando seu dinheiro da pensão com o motoqueiro em atitude de lascívia. Saiu para descobrir onde ela estava e não é que viu de longe que era ela quem estava com o cara tomando caipirosca na Barraca Vitória! Parecia até milagre do santo. Ele foi chegando e sem uma palavra sequer meteu o cacete no cangote da velha, bem onde estava a tatuagem de estrelinhas. O motoqueiro se picou, que não era besta, nem nada. O resto você já sabe: seo João conseguiu um Hábeas Corpus ontem e hoje vai agradecer ao Senhor do Bonfim. O resto ele resolve na Justiça.

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MEMORIAL DO INFERNO

Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, de Valdeck Almeida de Jesus, narra, a partir de fatos reais, a dureza da vida de uma família muito pobre, que precisou comer até comida podre para sobreviver. O livro demonstra que a paciência e a fé, aliadas ao trabalho duro para conquistar um objetivo, brindam sempre àqueles que lutam para vencer. Vale a pena a leitura. Disponível pelo correio, com o autor. Para adquiri-lo, deposite o valor de R$ 20,00 (livro= R$ 15,00 + taxa de envio = R$ 5,00) na conta-corrente 105.257-8, agência 3447-9 do Banco do Brasil, em nome de VALDECK ALMEIDA DE JESUS e envie um e-mail fornecendo endereço completo para a remessa do livro. À venda também no site da Editora Scortecci (www.scortecci.com.br)
na Livraria Cultura (http://www.livrariacultura.com.br/) e no
Espaço do Autor Baiano (www.espacodoautorbaiano.com.br).
Você pode encontrar o livro, ainda, na Livraria do Aeroporto Internacional de Salvador, na livraria do Teatro XVIII (Pelourinho, em Salvador) e na Livraria LDM (Rua Direita da Piedade, 20 - ao lado da Bel Center Cabeleireiros, em Salvador).

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ENSAIOS ABERTOS

Cia Ilimitada, uma das companhias do Balé Teatro Castro Alves, realizará ensaios abertos ao público com trechos de coreografias do seu repertório nos dias 26, 29, 30 e 31 de janeiro, das 10h às 12h, no Piso C do Teatro Castro Alves. Nos dias 24, 25, 26, 29, 30 e 31 de janeiro, das 8h30 às 9h30, os bailarinos da Companhia realizarão aulas públicas no Piso C do Teatro Castro Alves. O público poderá acompanhar o processo de preparação corporal de uma companhia de dança, com aulas de balé clássico, com o maître Carlos Moraes, e pilates, com Alice Becker.

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DESENHE E PINTE

Curso Hector Jr. – desenho e pintura - está com inscrições abertas para o curso de férias. O programa de exercícios desenvolve-se em dois meses, com aulas semanais de duas horas. O cursista aprenderá a compor paisagens, marinhas, natureza morta, animais, abstratos e mangá na técnica de grafite (base do desenho artístico - noções de formas, proporções, perspectiva, luz e sombra) e em outra técnica a sua escolha: lápis de cor, nankin, aquarela, carvão, pastel seco ou óleo sobre tela. O curso pode ser feito por adultos e crianças (a partir de dez anos), por pessoas com ou sem conhecimentos prévios em desenho e pintura. Mais informações sobre este e outros cursos:

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quinta-feira, janeiro 11, 2007


A VINGANÇA DE PADRE PINTO

oi uma tristeza só este ano a Festa da Lapinha. Nem o novo pároco conseguiu encher a pequena igreja de fiéis, pois ele mesmo reconhece que é novo no negócio e não teve tempo para criar empatia com os moradores, nem sabia como proceder para tocar os sinos e chamar para a celebração religiosa. Fez falta padre Pinto, aquele que foi quase excomungado pela Igreja Católica, que causou comoção até mesmo no Vaticano, quando, ano passado, decidiu dançar vestido de Oxum, numa das missas em homenagem aos Reis Magos, celebrando o sincretismo religioso. Se no templo foi uma pasmaceira, no lado profano, na festa de largo, faltou participação e animação. Uns poucos ternos de reis apareceram, como manda o figurino, depois da meia-noite do dia 5, com seus componentes vestidos com pobres roupas de combinações coloridas duvidosas. Ah! Quem não lembra os anos 60 e 70 do século passado em que a Festa da Lapinha era uma muvuca de dar gosto. As mulheres com suas roupas rendadas e os homens ainda insistindo no brim branco (anos depois as roupas eram de tergal ou pervinc, já que não amarrotavam mas mantinham a linha). Não foi o padre Pinto quem acabou com a festa. Ela já vinha minguando desde o início dos anos 80, por conta do crescimento da violência urbana. A festa que, ao longo dos séculos era familiar e religiosa, descambou para brigas de bêbados, roubos e agressões. Interessante é que já no século XVIII as pessoas já se queixavam da falta de civilidade e educação daqueles que iam para a Festa da Lapinha. As queixas que chegavam às autoridades davam conta que no afã de chegar logo cedo para pegar o melhor da diversão profana as pessoas chegavam em verdadeiro tropel, a pé, de carro de boi e a cavalo, empurrando, levantando poeira e se machucando. No início do século XX ainda apareceram os bondes que despejavam levas que iam apreciar as casas iluminadas, coloridas e decoradas com papel e flores. Como se sabe, a Noite de Reis é uma comemoração de origem portuguesa. Os reis magos Gaspar, Belchior e Balthazar, que foram os primeiros a levar incenso, ouro e mirra para Jesus Menino, eram lembrados com missas e folias. A Igreja da Lapinha,em Salvador, foi construída no final do século XVIII e passou a ser parte da celebração. Os Ternos de Reis eram tão importantes que seus componentes trabalhavam o ano inteiro para garantir uma apresentação melhor para a próxima festa, Ganhar a disputa como melhor terno era o auge. Apareciam depois da meia-noite o Terno do Arigofe, um dos mais antigos, da Lua, Terno das Estrelas, Terno do Sol, da Terra, Estrela Dalva e outros (este ano, dentre outros que deixaram de desfilar, quem mais fez falta foi o Terno da Anunciação, pertencente à Paróquia Lapinha, que não desfilou pois faltava seu patrocinador, adivinhe quem? Padre Pinto) que cantavam reizados e lundos. Dançando e cantando e desfilando pelas ruas do bairro da Lapinha, em Santo Antonio Além do Carmo. Enquanto isso, terminada a última missa, depois da meia-noite, as famílias que não queriam se misturar com a turba festiva ficava a admirar o Presépio, que era o mais rico, o mais criativo e o maior da cidade, com suas figuras do menino Jesus, bois, vacas, Reis Magos, Maria e José, a Estrela de Belém, a manjedoura, o carneiro, o burro e a pomba da paz. Depois de anos quem conseguiu dar brilho para os festejos aos Reis Magos e à Noite de Reis na Bahia foi padre Pinto. Mas, sua popularidade desagradou aos dirigentes da Igreja Católica na Bahia, no Brasil e na Itália e eles, lá do alto dos seus solidéus decidiram colocá-lo no ostracismo e afastá-lo da sua paróquia, sob argumento de um forte estresse. Talvez, por causa disso o povo nem lembrou que tinha festa, missa, batida, churrasco de gato e celebração este ano na Lapinha. Quem mandou?

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quinta-feira, janeiro 04, 2007


PROMETO

Prometendo aquilo que não dá para cumprir

u, no segundo dia do ano, amanheci igual a político em dia de posse: fazendo o maior mis em scène, jogando duro, prometendo de novo tudo que tinha prometido durante a campanha eleitoral e lá dentro do coração, com sentimento adverso. Algo assim como ler o discurso feito pelos ghost writer - geralmente um assessor com pendores literários que submete o texto para aprovação final do secretário particular, do presidente do partido que ali está, da mulher do possuidor e até da empregada, que, enquanto traz o café ouve o debate e diz:
- Ah! Doutor. Isso tá bom não!
O certo é que enquanto vai-se lendo o discurso pré-aquecido, a língua solta as palavras, mas a cabeça pensa:
- Vocês vão é se lascar, seus cornos abestalhados. Farinha pouca meu pirão primeiro.
Daí, que como faço todos os anos para enganar mãe, avó, mulher, filhos e amigos, pois sou mesmo um sem-vergonha discarado, decidi fazer minha lista com resolução de ano novo. O interessante é que todo ano todos caem na mentirada. E, assim como o povo, meu povo tem a memória curta, como acontece com os políticos, ninguém me cobra nada; com a “impunidade” vou seguindo em frente e mentindo cada vez mais. Agora aprecie a lista das coisas que farei e deixarei de fazer ou vice-versa:
1 - Vou parar de bater bronha, pois sei que é pecado e nasce cabelo nas mãos;
2 - Não mais atormentarei a vizinha, loiraça belzebu, com minhas propostas indecorosas;
3 - Juro que vou pagar o aluguel e o condomínio e ainda colocar o lixo fora da área social;
4 - Não vou mais jurar de porrada o porteiro só porque ele tem o péssimo hábito de me entregar correspondências cheias de dívidas, títulos vencidos e boletos de cobrança;
5 - Vou parar de soltar pum embaixo da coberta e ainda ficar curtindo o cheiro;
6 - Não vou roer mais unha, nem tirar meleca para fazer bolinha;
7 - Nunca mais que vou jogar cotonetes, resto de comida e a fralda suja do bebê pela janela do edifício;
8 - Vou fazer de tudo para não tocar Hendrix a todo volume altas horas da noite;
9 - Não vou mais tentar envenenar o cachorro do vizinho;
10 - Vou parar de arranhar o carro, na garagem do prédio, daquele vizinho que não gosto;
11 - Passarei a atender aos telefonemas do gerente do banco;
12 - Penso seriamente em fazer aquele regime que prometo há dez anos;
13 - Não esquecerei de tomar, diariamente, os remédios para pressão;
14 - Não vou mais comer alimentos gordurosos (embora eu saiba que o que estraga minha pressão não é a comida, e sim a farinha);
15 - Vou parar de beber (muito embora eu saiba que minha pressão não sofre efeito do álcool. É o estresse da vida moderna);
16 - Pararei de dar risada em filmes de amor e de chorar em filmes de terror;
17 - Deixarei de torcer pelo bandido no filme de cow-boy;
18 - Nunca mais roubarei dinheiro do cego da igreja do Bonfim;
19 - Nem quero mais ouvir falar de amanhecer o dia comendo sarapatel nas Sete Portas;
20 - Não vou mais me irritar com filas e atrasos no ferry boat;
21 - Nem pense em me convidar para sexo grupal com as meninas da Pituba;
22 - Deus me livre das más-companhias;
23 - Não vou mais chamar bicha de bicha, nem sapata de sapatona;
24 - Começarei a devolver os livros e discos que tomei emprestado faz tempo;
25 - Este ano farei aquele exame de verme que venho adiando;
26 - Vou cortar as unhas;
27 - Vou escovar os dentes pelo menos duas vezes por semana;
28 - Vou usar desodorante;
29 - Nem quero saber de fofoca;
30 - Pretendo freqüentar academia todos os dias e perder a barriga indecente;
31 - E o principal que é minha firme intenção de deixar de mentir (coisa que se não der para este ano pode ficar para o ano que vem, que não tem lá toda esta premência também) e de torcer pelo Bahia, que de morto basta meu... como diria o jornalista Zé Rodrigues, meu saudoso amigo Irecê, escroto que nem eu.

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quarta-feira, janeiro 03, 2007


PENINHA DE SANTORO

situação ficou ruim para uma socialite, logo no segundo dia do ano num famoso restaurante do Rio Vermelho. Uma amiga comentou que o ator Rodrigo Santoro fora barrado numa festa de reveillon em Angra dos Reis. Ela não agüentou e com a bocona disse, na frente do marido, que se soubesse tinha fretado um avião para mandar buscá-lo e ela faria a festa. Levou um tabefe pelas bandas das orelhas, que pegou de raspão. O que estava na mesa ela jogou em cima do maridão e a turma do deixa-disso conseguiu contornar o mico.
coisa de mulher ...

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EXÉRCITO CONTROLA A HORA DO RANCHO

Exército Brasileiro está enfrentando uma dura batalha. Pela primeira vez em sua história teve de reduzir o horário de atividade da tropa, para economizar em alimentação. Na segunda, na quarta e na sexta o horário de todos (excetuando-se aqueles que estão de plantão) é das oito ao meio-dia. Terça, quarta e quinta é das 14 às 18 horas.
Quem serviu ao exército lembra bem que antigamente o soldado passava toda a semana no quartel e somente ia para casa no final de semana, dependendo do bom-humor do sargento.

Para as famílias pobres era um alento: o recruta recebia meio salário mínimo e ainda comia e tinha roupa lavada.
Novos e bicudos tempos.

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segunda-feira, janeiro 01, 2007


FUI

migos queridos,
estarei escrevendo de longe
as mesmas besteiras de perto.

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DEVOÇÃO

Os auto-milagres de Bom Jesus dos Navegantes



hamar pelo nome de Deus sempre foi uma saída na hora do desespero dos pescadores que saíam para os pesqueiros, muitas das vezes mais de quinze ou vinte quilômetros de distância em mar aberto. São muitos os protetores dos pescadores: São Paulo, São Gonçalo, Santo Erasmo e o mais famoso é São Pedro. Todos da Igreja Católica. Na Igreja Ortodoxa quem protege os marinheiros é São Nicolau. No candomblé a entidade é feminina e se chama Iemenjá. O hábito de chamar por Jesus veio dos portugueses que saíam em suas loucas empreitadas, em busca de especiarias e riquezas em todos os mares.
Mas, foi na Bahia que Jesus passou a ser o Bom, Nosso e Senhor, de tanto impedir que os saveiros, os paquetes, as catraias, canoas e caravelas afundassem. Passou a merecer um tratamento todo especial. Nosso Senhor Bom Jesus dos Navegantes, que ontem teve mais um majestoso dia, foi acolhido nos braços de sua mãe, na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem e só sai do nicho no dia 29 de dezembro para ir visitar Nossa Senhora da Conceição, e voltar para sua morada estilo colonial no bairro de Boa Viagem, na primeira manhã do ano novo, chova ou faça sol.
Nenhum historiador garante. Alguns vagos registros indicam que a procissão, com oferendas foi uma forma que os comandantes das naus que chegavam da Europa ou África, teve início no século Dezoito. Entretanto, foi exatamente no ano de 1890 que começou para valer a chamada devoção. No final do mês de dezembro todo o litoral estava sob uma tempestade daquelas com raios e trovões e ninguém conseguia sair para pescar fazia dias. A situação era caótica e até mesmo o protetor estava ameaçado de não sair em sua procissão marítima, pois, além do mar bravio havia o problema da falta de apoio do Estado, ainda dividido por causa da Proclamação da República, ocorrida um ano antes. A Marinha negou embarcação para conduzir a imagem. Na última hora um oficial decidiu emprestar a galeota e bastou colocar a imagem em seu interior, em plena violência das ondas, que o tempo clareou e o mar ficou calmo. Os fiéis comemoraram seguindo a embarcação a nado e em barcos menores. Era um milagre.
Mas, ainda haveria um outro a acontecer. Como de praxe, quando a galeota passava perto do Forte São Marcelo, sempre era saudada com 21 tiros de pólvora seca. Desta vez foram só dois tiros, que passaram milagrosamente sobre a cabeça do santo. A “salva” de bala verdadeira canhão foi atingir um navio de bandeira norueguesa e causou avarias com certa gravidade, gerando uma situação delicada para o governo brasileiro. Estado e Igreja nunca mais voltariam a se entender no que concernia aos festejos para Nosso Senhor Bom Jesus dos Navegantes.
No ano seguinte a Marinha negou novamente a embarcação e um comerciante português de nome Agostinho Dias Lima, salvou a situação emprestando um escaler que foi rebocado pelo trajeto. A relação com a Marinha do Brasil se deteriorava a cada ano e um grupo formado por operários, pescadores, calafates, capatazes e carpinteiros decidiu que a procissão marítima não acabaria. Era preciso construir uma galeota, coisa que demandava meses. No dia 27 de dezembro de 1891, com as bênçãos de Bom Jesus e Oxalá saiu do estaleiro, localizado na praia do Bogari, uma monumental embarcação com 60 palmos de comprimento, 12 de boca, seis de pontal com camarim de 11 palmos de comprimento (sendo nove de frente e 6 de fundo). O anjo Arcanjo que orna a proa tem seis palmos de altura e foi feito no Liceu de Artes e Ofícios, o mesmo da ramagem e outros emblemas.
A galeota era mais um milagre a ser registrado. E levou de batismo o epíteto “Gratidão do Povo”. Só não se sabe quanto custou à obra, mas aí é coisa afeta ao santo e seus devotos. Já a Marinha, no século passado, se redimiu, e hoje empresta seus grumetes cheios de caxangás, para que levem a remo a galeota até os pontos de atração. Assim prossegue a mais que centenária devoção.

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